O PREÇO DA FESTA

Os bracinhos curtos da pequena Ruth esticam-se tentando alcançar a lata de pastilhas "Valda", que está sobre o roupeiro, no quarto do casal onde a menina dorme com os pais. O pai usa as pastilhas para combater a tosse que o incomoda no inverno gelado do sul. A menina come todas das pastilhas e na pressa para não ser descoberta, esquece a lata vazia, embaixo da cama onde foi se esconder para cometer a travessura.

Ruth chora reclamando de dor. A barriga inchada. Inchados os olhos da mãe chorando de preocupação com a filha que é levada ao médico para averiguação. Vomita muito e melhora.

A jovem chega em casa mais cedo do trabalho, reclamando de dor, uma pontada no abdomem. Chora. A mãe prestativa oferece analgésico, chá e bolsa térmica. A dor é forte e a barriga está inchada. Inchados também os olhos da mãe que só dormiu no meio da madrugada. A jovem acorda bem. Melhora mais com o bom funcionamento dos intestinos. Quando então ela confessa que comeu todo o conteúdo de um vidro de conservas.

Por que estas lembranças? Por que estas constatações? E o que elas tem a ver com o titulo "O preço da festa"?

O tempo e as experiências nem sempre tão agradáveis, mostraram-me que os excessos são os responsáveis por grandes parte dos sofrimentos da humanidade.

Aprendi que o prazer, o qual deve ser sentido em toda a sua intensidade, deve ser limitado ao nosso senso de normalidade.

Aprendi que devemos usar e abusar da palavra equilíbrio, pois sem o mesmo aquilo que acreditamos ser uma "festa" pode vir a ser uma "fresta" por onde poderão advir muitas complicações.

Aprendi que não ter capacidade para resolver sozinho essas complicações, resultantes dos excessos que a nossa mente indomável não controla, é não pagar o preço e é dar serviço para os outros, provocando muitos olhos inchados.

Isso me leva a questionar será que vale a pena o preço da festa?

CEIÇA
Enviado por CEIÇA em 04/10/2014
Reeditado em 04/10/2014
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