Sala de Espera
No transcurso de nossa vida nós nos deparamos com inúmeras situações constrangedoras. Situações essas muitas vezes inesperadas e inevitáveis.
Mas há uma circunstância relativamente comum na vida de todas as pessoas que, pelo menos a mim, incomoda sobremaneira: algumas salas de espera de consultórios médicos.
Você chega a uma recepção apertada, cheia de pessoas esperando para serem atendidas pelo(a) médico(a) da especialidade escolhida.
As pessoas estão assentadas e, às vezes, há tanta gente para ser atendida, que algumas ficam de pé, espremendo-se para incomodar o menos possível, embora elas próprias estejam bastante desconfortáveis.
Como é normal nas salas de espera, principalmente nos dias atuais, os pacientes ficam folheando os exemplares velhos, surrados e ultrapassados das revistas disponibilizadas. Outras permanecem durante todo o tempo mexendo em seus celulares e as mães tentam controlar seu(s) filho(s) inquieto(s).
As pessoas fazem de conta que estão entretidas com os seus “afazeres”, mas olhares de soslaio acompanham cada movimento ali realizado por um e por outro.
De repente a recepcionista chama:
— Sr(a). Fulano(a) de Tal!
— Sim, sou eu.
Toda a atenção dos presentes se volta para a pessoa chamada.
— CPF e Identidade, por favor.
Meio constrangida, a pessoa tenta responder com a maior discrição.
— Não entendi Sr(a)?
A pessoa consultada volta-se mais para a direção da recepcionista, fixa-lhe os olhos e novamente responde com discrição. Afinal é muito perigoso expor dados pessoais em lugares públicos.
— Telefone?
Mais uma vez a resposta é dada com discrição.
— Endereço?
A pessoa se aproxima ainda mais da secretária e vai soletrando calmamente para que ela anote e não precise lhe pedir para repetir.
— Idade?
Constrangida a pessoa responde em tom baixo e cuidadoso.
— Profissão
Segue a resposta.
— Pode aguardar que daqui a pouco eu te chamo para assinar a guia.
Instantaneamente os outros pacientes retornam os seus olhares e atenção para o que faziam. Mas não sem antes dar uma olhadinha rápida por todo o contexto da pessoa interrogada, como quem nada quer.