Nem toda tecnologia faz falta
Atendo o celular e o que escuto são batidas nas teclas e uma voz irritada de quem não sabe o que está fazendo. Escondo o riso e aumento o tom de voz pra mostrar que já estou na linha. Mas ela descobriu a tecla de desligar na minha cara. Retorno com paciência pra escutar que o celular, aquele ali novinho, adquirido depois de muita insistência, da nossa parte é claro, está cheio de problemas. E novamente tento não rir quando a voz do meu pai grita do fundo que o problema é ela. A tecnologia não atingiu todo mundo, e meus pais são exemplos de que sem ela, da-se um jeito. Meu pai veio com email onde se pede orações, e ali mesmo do celular eu enviei. Não consigo explicar a surpresa nos olhos dele quando após o envio, eu li a resposta eletrônica. "Ue, rápido assim? Antes demorava dias né? Achei graça daquilo, mas entendi o que ele quis dizer. Ainda em Minas, minha tia curiosa tentava entender o que me prendia tanto a atenção no celular. E fez eu me lembrar de quando morava com ela. E com uma bronca ponderou que pelo menos naquela época o computador não ia comigo pra mesa. Meu pai encapou com fita isolante o controle da TV, e até hoje não entendi porque isso. Minha mãe ouve de manhã o mesmo padre pelo rádio de pilha e não quer saber de CD. Já minha tia, essa tá é preocupada se já parei de usar secador de cabelo. Pra ela essa quentura na cabeca ainda vai me deixar doida.
Se ainda não.