OS MOSQUITOS AMERICANOS
-Alô! É a Noni?
-Sou eu, minha querida Stephanie!
-Quando é que você vem pra cá? Estou morrendo de saudade de você e do vovô! Sabia que meu irmãozinho já está quase nascendo?
-Claro que sei! Também estamos com muita saudade de você, amor da vovó. Logo, logo chegaremos aí. Está fazendo frio?
-Demais, Noni! Traz um vestidinho com as costas de fora pra mim. Nós vamos mudar para um lugar que faz calor, igual no Brasil.
Nilma e seu esposo partiram para Worcester, nos Estados Unidos, onde ficaram até Jonathan completar oito meses.
Durante esse tempo, para não ser pesados ao filho, ela trabalhou numa fazenda de plantas junto com outros brasileiros, onde preparavam os vasos desde a semente até a hora de ser transportados nos baús refrigerados.
Na terra do tio San, a capixaba se encantou com um aparelhinho que faz barulho para espantar os mosquitso e disse:
-Meu filho, comprei cinco aparelhos de ondas sonoras: três elétricos e dois à pilha. Quero ver aqueles pernilongos me picarem em Vitória.
Uma semana depois, que chegou à Terra natal, Nilma ligou:
-Alô, filho. Aqueles aparelhinhos não prestam pra nada. Gastei meus dólares à toa. Você precisa ver. Os mosquitos, em vez de fugirem como fazem aí, dançam ao som da musiquinha e picam a gente do mesmo jeito.
-Mamãe, você fez a tradução?
-Que tradução, menino?!
-Ué! Os mosquitos brasileiros não entendem inglês.