Esse nosso estranho mundo
Passo a vista pela galeria de fotos do Estadão. Através delas, vejo as notícias do mundo. Modelos charmosas desfilam em Paris, cheias de luz na Cidade Luz. Corpos esguios passam pela passarela como pássaros exóticos de arrogante beleza. Antes que meus olhos se acostumem, noto uma triste e sombria figura de mulher. Segura nas mãos um bebê. Sobre sua dor e sua miséria, nem preciso ler. Estão estampadas em sua face. É uma mãe curda fugindo dos homens do terror. Há gente protestando na próxima imagem. Mas não é pela sorte da criança ou sua progenitora. São alemães protestando contra a importação de frango americano. De repente pareço ouvir um som espetacular. É a banda de Franz Ferdinand tocando em São Paulo. E isso contrasta, na próxima foto, com os olhos infantis de duas garotas palestinas. Caminham entre os escombros dos bombardeios, com preciosas garrafas de água na mão. Saberão um dia, que existem bandas que tocam músicas e moças graciosas que desfilam como plumas num salão? Talvez para eu não me desesperar, vem então uma imagem grandiosa. As luzes indescritíveis da aurora boreal acontecendo no Círculo Polar Ártico. Talvez para reger tudo, vejo o santo Papa olhando para um prosaico relógio de pulso. Não quer se atrasar para alguma coisa.
É esse nosso mundo, cheio de contrastes vibrantes, de luz e trevas, de sorrisos e lágrimas. É o mundo que temos. Um mundo estranho, muito estranho...
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Essa vida da gente
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