O"VELHO CHICO" MORREU DE SEDE!
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À jornalista Terezinha de Jesus Soares, com muito orgulho..
Com tanta água, a nascente do Rio São Francisco, o “Velho Chico”, morreu de sede!
É uma triste e real verdade, como escreveu em matéria premiada a jornalista Terezinha Soares, dizendo que primeiro morrerão as florestas, depois, morrerão os homens, referindo-se à floresta, tema do brilhante trabalho que recebeu prêmio “Esso de Jornalismo”, no fim da década de 70. Estou, agora, pedindo licença à colega para fazer uma analogia com sua matéria e dizer que primeiro morrerão as nascentes dos Rios e depois morrerão de sede os homens. Tive o prazer, orgulho e satisfação de dividir espaço em A NOTÍCIA, com a colega Terezinha Soares, logo no início de minha carreira profissional.
A nascente do Rio São Francisco morreu, enquanto a cidade de São Paulo e outras várias do Brasil estão morrendo de sede, por não possuírem água potável nas torneiras das residências para banho, lavagem do corpo e rosto e outras necessidades básicas. Do nordeste, nem se fala, porque vive uma secura extrema desde antes do Império, quando D. Pedro II mandou construir e inaugurou açudes na Região. Todo o dinheiro direcionado ao combate à seca para furar poços tem sido desviado e os poços abertos ficam em fazendas de muitos políticos e só servem para molhar as suas plantações.
Enquanto isso, o Brasil poderá morrer de sede também, embora possua o maior aquífero do mundo, o Guarani, uma das maiores reservas subterrâneas do planeta, passando pelos Estados do Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina e Mato Grosso, com um milhão e duzentos mil metros quadrados, descoberto em 1996 pelo geólogo uruguaio Danilo Anton. O aquífero é imenso e também atinge o Uruguai, a Argentina e Paraguai, mas é descontínuo e menor do que se supunha inicialmente e águas inferiores. Ao ser descoberto, ele fosse considerado o maior do mundo, agora se sabe que ele é heterogênio e que não daria para atender a população do Brasil durante 2.500 anos como inicialmente se supunha.
Existe, ainda o Equífero Alter do Chão, mas o importante mesmo é que essas águas ainda não podem ser aproveitadas para matar a sede de ninguém. O certo mesmo é cada pessoa evitar poluir e jogar lixo em seus igarapés, para evitar que o Brasil venha a morrer de sede também porque estão matando os rios, os oceanos. Enquanto o geólogo do Serviço Geológico do Brasil, José Luiz Flores, continua estudando o quê e como pode ser aproveitado esses equíferos, os brasileiros precisam preservar seus rios, igarapés, nascentes, afluentes e tudo o que venha a representar vida para o futuro.
Foi triste demais ver que a nascente de um dos mais importantes cursos de água do Brasil e de toda a América do Sul, o “Velho Chico”, morrendo na Serra da Canastra, no município de São Roque de Minas, no Estado de Minas Gerais. O Rio atravessa o Estado da Bahia, faz divisa ao norte com Pernambuco e constitui a divisa natural entre os Estados, desaguando no Oceano Atlântico. O Rio São Francisco possui extensões navegáveis entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA), além de Petrolina (PE) e tem aproximadamente 641 mil quilômetros quadrados de extensão. Ele não perecerá por completo porque também recebe água de outros afluentes, mas sua nascente já morreu e está cercada de pedras como se fosse em volta de uma sepultura. Um quadro triste!
O “Velho Chico”, morreu de sede em sua nascente, como outros rios poderão morrer também se eles não forem tratados com carinho, respeito e responsabilidade como se fosse mais um ser vivo, como na verdade o é. Em 1982, os Rios Solimões e o Negro também ficaram parcialmente secos, se permitindo ao trânsito de motocicletas em seus leitos, como se fossem rodovias sem asfalto. Mas isso foi passado e poderá se tornar presente também e futuro, mais uma vez se medidas educativas ambientais urgentes não forem adotadas para estancar o lixo jogado em seus leitos. Naquele ano, a CPRM, divulgou que o Rio Negro bateu o seu próprio recorde de vazante e a seca no Amazonas atingiu 62 mil famílias e obrigou 38 municípios a decretar situação de emergência.
O Rio Amazonas, formado a partir do encontro dos Rios Negros e Solimões, chegou a 162 cm, superando em 10 cm a seca registrada em 1997, em medição feita desde 1970 na cidade de Parintins, a 315 quilômetros de Manaus. Os barcos regionais passaram a atracar em bancos de areia e a navegação ficou interrompida em vários trechos, com muitos municípios ficando totalmente isolados porque a única forma de comunicação entre a capital e os municípios são os barcos regionais.