A MISSÃO

Escrever muitas crônicas todos os dias dá um trabalho do cão. Ademais, o humor se esgota rapidamente, fico buscando gotículas e pingos de inspiração na fonte luminosa dos risos. Por conseguinte, as idéias ficam impacientes e caducas, principalmente quando se tem muita coisa pra fazer, tendo em vista que a minha vida não é somente se deleitar sobre as crônicas. Se ficasse por conta dos textos, como muitos cronistas mundanos, com certeza não ganharia nenhum “mango”.

Isto é corroborado pela afirmativa de uma ex-professora de português que sempre dizia ao entregar a minha redação: “sem talento, muito previsível, precisa ler Fernando Sabino”. Com essa marca de ferrete, “deu no que deu”, como dizia a vovó Miralda, por isso o futuro reservou inicialmente na vida profissional do cronista, duas pinturas magníficas (de carteira assinada): o Garçom e o Porteiro de Festa Infantil (considerando o fenótipo do rapaz só serve pra segurança de anão).

Neste contexto, em suas andanças pelo mundo, buscando incessantemente o humor perdido, o cronista descobrira alguns locais, na qual ele se esconde com as suas duas irmãs (Risadas e Gargalhadas): Praças, Bares, dentre outros locais inapropriados, como o elevador do prédio. Entretanto, deve-se ressaltar que o fino do humor, se esconde nas ruas brasileiras, e tanto que outro dia recebi um e-mail perguntando o nome e número do esconderijo.

De qualquer forma, coloquei minha roupa de Sherlock Holmes e “bati canela pelo centro da cidade”. Lá estava o meu primeiro interlocutor e como de costume disparei pra ele:

- Onde fica a Rua da Alegria? Perguntou o cronista sem humor.

- Não sei meu senhor! Mas se o senhor quiser contribuir com o empreendimento divino, estou recebendo qualquer quantia. Entretanto, não recebo moedinhas (bolso e cuecas furadas aumentam o trabalho de escondê-las). Respondeu o representante divino na terra; com um crucifico de sementes, um Chapéu Côco e um terno azul de linho emprestado pela congregação dos sacerdotes das Trombetas de Jericó . O cronista sem humor também achou que era Rabicó do Sitio do Pica-Pau Amarelo, mas é mesmo Jericó, a cidade prometida do antigo testamento.

- Qual a finalidade do dinheiro? É uma obra de caridade? Perguntou o cronista sem humor que já fora "engalobado" pela velha da Crônica A Esperança.

- É pra construção da Igreja das Trombetas de Jericó. O nosso lema terreno é: PEQUENAS IGREJAS GRANDES NEGÓCIOS. Respondeu o sacerdote financista das Trombetas de Jericó.

Osório Antonio da Cunha
Enviado por Osório Antonio da Cunha em 23/05/2007
Reeditado em 23/05/2007
Código do texto: T498326
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