REPENSE

Esses dizeres se encontram gravados em um adesivo plástico, afixado sabiamente no contorno de uma abertura redonda de aproximadamente 18 centímetros, sobre as bancadas das pias dos sanitários da Cidade Administrativa de Minas Gerais.

O buraco visa simbolizar o rombo que causamos na natureza ao promovermos, com o consumo exagerado, o desmatamento de nossas florestas.

Concordo plenamente com a iniciativa, pois, mais que uma atitude consciente e de cidadania, não desperdiçar é uma obrigação de todos nós.

Toda a economia que se pode fazer, é sempre muito bem vinda, porém, desperdiçar é inconcebível, pois, o desperdício é a não utilização, ou má utilização de algum recurso provido pela natureza, beneficiado ou não, a pretexto de maior conforto ou de se evitar a “falta”.

Lê-se também no citado adesivo que, para fazer face ao excessivo consumo de papel toalha, faz-se necessária a derrubada de 4 (quatro) árvores, diariamente.

Pelas minhas observações diárias, apenas não desperdiçando, é possível reduzirmos o consumo de papel toalha ao menos pela metade. Sem que isso implique redução de conforto ou que se reverta em higienização deficiente.

Não apenas é possível reduzir em ao menos 50% (cinquenta por cento) o consumo de papel toalha, como também é perfeitamente factível a mesma redução, tanto do consumo de água nas pias das cozinhas, como também o consumo, na mesma proporção, de detergente líquido.

É corriqueiro observar pessoas que fazem questão de, logo que se aproximam da bancada da pia da cozinha, abrir a torneira até o limite e deixar a água jorrando diretamente no ralo, enquanto encharca a esponja de limpeza com detergente. Esponja essa que, na maioria das vezes, já está com detergente suficiente para lavar os talheres e utensílios desejados.

A torneira da água aberta antecipada e exageradamente, faz jorrar pelo esgoto uma água tratada, que passou por vários e minuciosos processos de tratamento, até alcançar aquela torneira.

Quanto à utilização excessiva de detergente líquido, como se não bastasse o gasto em si, isso requer a utilização de uma quantidade maior ainda de água tratada para remover o excesso. E o pior é que fica sempre um resíduo nas paredes do vasilhame pretensamente higienizado, o que será diariamente ingerido pela pessoa, causando-lhe males muitas vezes desconhecidos.

A espuma desse produto é conduzida, através do esgotamento sanitário, até os rios, necessitando de quantidade maior de produtos químicos e de maior tempo de decantação para eliminá-la.

Alegam os que assim agem que o governo gasta tanto com tantas outras coisas, porque então querer economizar com papel-toalha, detergente e água.

É uma incompreensível falta de consciência e no mínimo preocupante essa conduta.

Quem sabe algum dia alguma luz não ilumina a mente dessas pessoas e elas passem a enxergar que o desperdício como algo abominável, como realmente é.

Rafael Arcângelo
Enviado por Rafael Arcângelo em 30/09/2014
Reeditado em 26/10/2014
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