RITUALIZAÇÃO NA SALA DE AULA
RITUALIZAÇÃO NA SALA DE AULA
"O saber é uma das virtudes mais belas do ser humano".
por Antonio Paiva Rodrigues
A Prefeitura da cidade de (o) Natal, no vizinho estado do Rio Grande do Norte, em consonância com a (SME) Secretaria Municipal de Educação promoveu a V jornada de Educação das escolas da Rede Municipal (V jemart). No écran, nos pródromos da educação nove entre dez profissionais de ensino dizem que, um dos maiores entraves do ofício de ensinar e educar reside no descaso com a autoridade do professor por parte das novas gerações.
Afirmação implícita no texto publicado na revista “Nova escola” mês maio, 2002. Júlio Groppa Aquino autor desta façanha e da matéria “Pela ritualização na sala de aula”, afirma que as exposições que estão nas entrelinhas deste artigo, embora legítimas, merecem alguns reparos. Diríamos ser caridosa e um contra-senso, as alusões de Groppa, o país que nos abraçou como filhos execra a briosa categoria dos mestres do ensino, como se fosse material de consumo e descartável. Na humilde opinião de um estudante de jornalismo, torna-se inviável induzirmos na época atual a autoridade contemporânea no rol de nossa vida, seja algo de véspera, ou pela ação dos governos, cuja intenção jamais poderá ser construída aos poucos. Autoridade envolvida nas aspirações do povo brasileiro, a espera é por demais desgastante urgem medidas que satisfaçam a todos, democratizar não significa esperar.
O “artesanato” aplicado ao ensino não condiz com a realidade. Acompanhando o avanço da tecnologia o planejamento estratégico, tático e operacional é um remédio curador de todos os males, seria de bom alvitre e de grande utilidade para os educadores de todas as categorias. Neste círculo, estão inclusas todas as autoridades em escala ascendente e crescente. O pensamento do professor Aquino Groppa seria interpretado em forma de poemas, trovas e contos com certeza. De tanto esperar, pensar e tomar decisões, certas ou erradas cansaremos. Associados as propostas negociadas e reinventadas continuamente iremos chegar à estagnação. No universo de milhões de crianças famintas que só comparecem as aulas pela merenda escolar, a maioria não sabe ler e escrever, mesmo esteja sendo aprovada de ano em ano.
Onde está à responsabilidade da Secretaria de Educação Municipal e Estadual que não eliminam estas chagas que se transformam em cânceres, é imoral instituir lei autorizando o aluno(S) a não repetir ano, têm que passar mesmo sacrificando as férias dos estressados professores e dos alunos desinteressados. A fome é tão grande fruto de um salário miserável, que a inapetência já consumiu parte dos neurônios dos alunos do ensino fundamental e o aproveitamento é muito pouco, aprendem a desenhar seu nome e a balbuciar algumas palavras.
A ritualização tão preconizada é utópica na política atual, a pessoa do autor talvez tenha esquecido que os governos federais, estaduais e municipais não investem no social, principalmente na educação, saúde e segurança, parafraseando um grande apresentador de telejornal: “Isto é uma vergonha”. Hoje o mercado de trabalho visa açambarcar mentes privilegiadas, de fina educação, com experiência comprovada, a educação pública o que têm a oferecer aos estudantes de hoje, aos heróis anônimos que muitas vezes atravessam enormes distâncias em embarcações, em paus-de-arara, no lombo de jumentos enfrentando poeira, calor, chuva e outras intempéries da natureza e no final do mês como diz o “professor Raimundo” o salário OH! A educação pública carece de tudo e ainda surgem políticos sagazes e diretores desonestos que desviam o incentivo ao ensino que é a merenda escolar. A Trindade, educação, saúde e segurança arquejam e se providências urgentes e bem planejadas e executadas não forem tomadas às letargias agirão com rigor aniquilando-a, e jamais ascenderão esperanças de um povo sofrido que só é lembrado em época de eleições. Vejo de um modo singelo, singular como Júlio Groppa se refere ao aluno e a sala de aula. Nos tempos antigos o ensino público tinha suas vantagens e nuances o exame de admissão “era um verdadeiro vestibular”, aqueles alunos que nada queriam só bagunçar, iam barrar nos bancos dos colégios particulares, pois todos eles eram conhecidos pelo jargão popular: “Pagou passou”, infelizmente na época atual a situação se inverteu, os particulares cresceram e os públicos estão em petição de miséria.
Um azimute totalmente desnorteado, um furor envolvente, as escolas particulares engolindo as públicas; o professor do ensino público estressado trabalha e não vê recompensa em seu bolso. A maioria passa fome, vai ao trabalho a pé, não dispõe de vil metal para pagar passagens e para compensar assumem a árdua tarefa de dois expedientes para ganhar um pouquinho mais, vitaminar seu ganho com genérico ou similar. Os contratos pedagógicos explicitam as condições mínimas para que as aulas ocorram a contento. Como? Não sei.
É um pacto de confiança entre professor e aluno, são formas sutis de ritualização da sala de aula, são estratégias e consagração dos diferentes papéis de professor e aluno, esses protagonistas do mundo das idéias e seu “encantamento”, que poucos conhecem. (a velha estória da carochinha). No perpassar do tempo existem mais fracassos, realizações poucas, aspirações muitas. Amigo Groppa a clareza que o alunado tem de seus deveres ficou oculta, nas universidades e faculdades acontece o mesmo, o professor sofre, na extensão do campus e na sala de aula, a conversa paralela corre à solta e a turma do fundão atrapalha tudo.
A clareza que o aluno tem de seus deveres está longe de acontecer. Existe exceção é claro. O respeito mútuo, o exercício livre do pensar e a alegria de tomar parte da vida não são conseqüências, é obrigação. Ressalte-se a beleza de suas conotações, só que talvez um belo sonho tenha concretizado sua ritualização da sala de aula, nem as religiões estão usando o ritual, ele estressa e banaliza quem a usa. Estamos carentes de renovação, aulas de Campo, participação efetiva dos alunos em seminários, exterminarem a timidez, para que não venhamos a lamentar a qualidade dos profissionais que são colocados no mercado de trabalho. Já ouviram falar em FOFA (Fortalezas, oportunidades, fraquezas e ameaças), tudo devemos colocar em jogo, pontos fortes, pontos fracos, quebrar paradigmas.
Neste país onde corrupto inescrupuloso pede exame de DNA para papéis, o que vou dizer para as futuras gerações. O sucesso está no cumprimento do dever legal. Precisamos auferir aos nossos estudantes a confiança em si, “Em princípio, o homem que se exalça, que ergue uma estátua à sua própria virtude, anula, por esse simples fato, todo mérito real que possa ter.” Entretanto, que direi daquele cujo único valor consiste em parecer o que não é? Admito de boa mente que o homem que pratica o bem experimenta uma satisfação íntima em seu coração; mas, desde que tal situação se exteriorize, para colher elogios, degenera em amor próprio. O Amor próprio não é factual destarte a historiografia, que se assemelham às carochinhas que tentam nos passar e induzir. O bom pedagogo precisa diamantizar idéias e lançá-las no espaço rotineiro de seu trabalho, jamais poderão esquecer que a organização é o caminho para o sucesso, eliminando as rotinas, as regras fixas, a mesmice, o ostracismo, a inércia e apresentar sua estrutura organizacional, sua grade curricular, idéias inovadoras farão elastecer seus valores e aumentar sua capacitação.
Ressalte-se mais uma vez que professores têm seus limites e às vezes as idéias geniais podem nascer de uma classe menos culta. Nunca devemos ser céticos, nem usar o conluio e sim colimar, cônsono aos objetivos da coletividade. Com estas perspectivas em mente o corolário (conclusão/resultado) será o almejado, o planejado e o executado. De afogadilho jamais. O ensino não sobrevive de fábulas e sim da realidade e do esforço de cada um.
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-ACADÊMICO DA ALOMERCE E MEMBRO DA ACI