VELÓRIO

Dia de velório é sempre assim: A notícia se espalha por todos os lados. “Fulano” (a) morreu, era filho (a), neto (a), neta (a), vizinho (a) de quem? O outro diz: Morava bem na minha rua e u vim saber justamente agora. Coitadinho (a). que pena da família. Era tão trabalhador (a), tão dedicado (a). mas Deus quis assim, fazer o que, né?

É aí onde começam os rituais que u todo “bom” velório precisa ter. pra começar, não pode deixar de faltar o famoso cafezinho, ou então o chazinho tradicional, seguido de salgados, de preferência. E os envolvidos nesse doloroso momento? Os rapazes se aproveitam do momento de dor e comoção para dar uma paquerada nas moças. Vê se pode! Os mais velhos, são os mais envolvidos no assunto. Enquanto as pessoas estão em volta do caixão, os parentes chorando, tristes... Eles estão lá fora, reunidos em uma roda de conversa, sentados em círculo, tomando um chazinho e contando as famosas piadas. Quanta consideração pelo (a) falecido (a)! É cada risada, quem mora na outra rua escuta as gargalhadas. Cada uma mais alta que a outra. É piada pra todos os gostos.

Uns se reúnem em volta do caixão, outras ficam do lado de fora contemplando a paisagem, pessoas mais chegadas à família ajudando com os comes e bebes... E, há ainda àqueles que, chegam lá, nem entram na casa do defunto, olham o movimento a sua volta, disfarçam e depois vão embora “de fininho”.

Quando chegam em casa, seus familiares perguntam:

- Como estava o velório? Vixe! Muita gente. O defunto está do mesmo jeito, nem parece que morreu. Quanta hipocrisia!

Estes velórios atuais estão bem modernos mesmo. As pessoas estão mudando o conceito de velório, não há mais aquela consideração como antes. Mais tudo bem, o importante é estar lá, dar uma olhadinha, “pra quem gosta” e estar ali, dando forças à família nesse momento de perda e dor.

Lucimário Xavier
Enviado por Lucimário Xavier em 29/09/2014
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