Amor que fica é amor de verdade
O título é sugestivo e muita gente sabe que existe um dito popular com uma outra redação não muito romântica.
A realidade dos relacionamentos afetivo-amorosos, na atualidade, infelizmente, está baseada na versão erótica do título deste artigo. Ou seja, as pessoas estão em busca de alguém perfeito, mas acabam vivendo mesmo é na solidão cósmica, como dizia um amigo já falecido. Vivemos, todos, em busca da meia laranja, da alma gêmea, do príncipe encantado. Queremos uma pessoa PERFEITA, adaptada aos nossos gostos e desejos, em formato corporal e em atitudes perante a vida; buscamos aquele “boneco de plástico” que nos espera chegar do trabalho e nos recebe com um belo sorriso nos lábios e com as mãos já ávidas por nos massagear os músculos e nos fazer esquecer as agruras e o stress do dia a dia; queremos aquele “garoto de programa” que sabe todas as artes do sexo e da pornografia, que seja assim apenas na cama, entre quatro paredes, mas que seja, ao mesmo tempo, um anjo inocente e sem maldades; queremos um corpo “sarado”, com uma mente brilhante e muito inteligente, porém dedicado a nós como se fôssemos a única pessoa do mundo; queremos um parceiro para “ficar”, namorar, noivar, casar e amar para o resto da vida... Mas ao mesmo tempo queremos estar livres, disponíveis e independentes das responsabilidades que um relacionamento sério exige.
Assim, permanecemos “casados”, porém com trezentos nomes de rapazes na agenda do celular, quatrocentos contatos adicionados no MSN, quinhentos “amigos” adicionados no Orkut, e mais tantos outros em outros sites de relacionamentos, sem falar que entramos todos os dias nas salas de bate-papo em busca de “novos amigos”, que sempre acabam sendo adicionados à nossa “listinha” interminável. Assim não dá. Ou uma coisa, ou outra. Ou a pessoa se propõe a se dedicar a apenas uma pessoa, agüentando as chatices, os momentos de mau-humor, a solidão de vez em quando, as partes chatas de uma relação amorosa, ou então ficará pra sempre disponível e procurando.
O tempo vai passando, e vamos “enjoando” do namorado, do “ficante” e vamos em busca de novas emoções, de novas energias, que nos estimule o olhar e o tesão. Alguns de nós preferimos sexo com “moleques” (rapazes heterossexuais que curtem sexo com gay) e outros de nós preferem namorar homossexuais. E trocamos de parceiro, de namorado, todo dia. E o meu namorado, agora é namorado do meu amigo... e assim vai, a ciranda, levando todos a sentirem o gostinho de ter todos e de não ter ninguém...
O destino do ser humano é estar junto, compartilhando, aprendendo com a convivência. E conviver não é apenas se encontrar em finais de semana para aliviar a vontade de uma noitada de sexo. Conviver é compartilhar, é ser cúmplice, é ser amigo dos momentos necessários, é dividir alegrias e tristezas... Se você procura um namorado apenas para te acompanhar às festinhas e às diversões, você não está em busca de um amor. Contrate um acompanhante que ele fará caras e bocas e vai estar sempre de bom humor para você.
Repense tuas atitudes e se pergunte: será que eu quero ficar sozinho (com trezentos e sem nenhum) a minha vida inteira? Será que um desses trezentos vai me amparar quando eu mais precisar? Já que não procrio, pois não gosto do sexo oposto, quem vai estar comigo na minha velhice ou naqueles momentos em que precisarei de ajuda?