A SECA, É CLARO, TEM SOLUÇÃO
Como já dizia Euclides da Cunha, aquele que fez o retrato exato do nosso sertão, o homem é um agente geológico notável. Não raro reage brutalmente sobre a terra, assumindo durante toda a história o papel de um terrível fazedor de desertos. E no Brasil isto começou de fato, por um desastroso legado indígena, o fogo, que na sua primitiva agricultura era instrumento fundamental, que passou a ter o mesmo sentido para o sertanejo.
Imensas áreas do nordeste foram desertificadas com o auxílio da mão humana e essa desertificação foi crescendo gradativamente atingindo o Estado da Bahia e outros estados vizinhos, fazendo com que a famigerada SUDENE, conhecida indústria de desertos possibilitasse a reivindicação de políticos da Bahia e Sergipe solicitando a sua inclusão como estados nordestinos. Esse feito resultou em divisas imensas a esses inescrupulosos malditos que continuaram incrementando as áreas desérticas para que seus ávidos bolsos continuassem sendo locupletados com dinheiro do povo.
Marcante foi a grande seca de 1791-1792 em todo o nordeste, que provocou uma carta-régia de 17/03/1796, nomeando um juiz conservador das matas, para impedir as queimadas e outra carta-régia de 11/06/1799 a decretar que “se coíba a indiscreta e desordenada ambição dos habitantes (da Bahia e Pernambuco) que têm assolado a ferro e fogo preciosas matas que tanto abundavam e que hoje já ficam a distâncias consideráveis”.
Na Tunísia, os romanos conseguiram vencer a natureza antagonista em contraponto ao bárbaro desleixo dos árabes e fizeram o deserto recuar, represando correntezas, permitindo com que a água permanecesse mais longo tempo sobre a terra. Em Israel, Estado praticamente novo, criado por decreto em 1948 com a participação do Brasil, os judeus conseguiram reflorestar áreas desérticas num tempo “record” e plantaram frutas diversas que hoje são os seus principais produtos de exportação.
Em alguns rios da Bahia pessoas inteligentes realizam o incansável trabalho de perenização de águas de rios como as comunidades quilombolas dos afluentes do São Francisco e os índios payayás nas nascentes do Rio Paraguaçú, ações que vêm dando certo.
E porque não tentarmos o reflorestamento com o aproveitamento dos lençóis aquíferos que possuímos no subsolo de municípios como Irecê, Feira de Santana, Camaçari e grande parte do nosso território baiano? Como todos sabemos, para tudo há uma solução que é bem visível. Torna-se necessário apenas um pouco de honestidade e boa-fé que o resto a mãe-natureza cuidará de recuperar.
Essas ações urgem ou, do contrário, teremos que entrar numa guerra cruenta pelo uso da água.