Fica e Vai
Há duas caixas de tamanhos consideráveis agora olhando pra mim, enquanto decido para qual delas vai o que tenho em mãos. É que imaginei ser divertido poder adiantar as coisas da minha mudança, o que não foi.
Agora em meio a toda bagunça as duas seguem me olhando. Uma eu chamei de Fica, e a outra Vai. O dilema é que a Fica está lotada enquanto a Vai parece me recriminar. Eu admito com pesar, ainda segurando o objeto sem destino, que o que tenho é mais do que preciso. Mas justifico em seguida com alguma desculpa esfarrapada a necessidade de manter cada uma delas. Miro a Vai com precisão olímpica, embora o desapego não tenha me atingido. E não é diferente durante um tempo, até que, não sei se por falta de espaço na ocupada Fica, a consciência fala mais alto. Dou um salto da cama e aqui abaixada, com determinação, troco os nomes de lugar. A Vai, agora fica, e me deu o espaço que preciso. A Fica, agora vai, preencher um pouco quem tem espaço demais.
E de tão feliz pela bagunça arrumada, não julguei esfarrapada a desculpa de recuperar da que vai, e agora definitivamente fica, meu velho pijaminha roxo.
É que ele foi sempre um fiel companheiro dos meus sonhos!!