Crônicas de um sábado ou risos e melancolia
Mais um sábado. O cheiro do café na cozinha quase se mistura ao perfume do xampu do banho matinal. Não são nem sete horas da manhã. E como é bom acordar cedinho e iniciar um dia cheio de atividades. Roupa, material de estudo... Hora de correr até o ponto de ônibus e embarcar rumo a mais um dia lotado de risos e desafios.
A fina insistia em cair, escorrendo pela vidraça. Minha alma não contava com essas gotas melancólicas que embaçavam a paisagem. O trânsito lento e o balançar suave do ônibus levam os pensamentos a vagar pelo mundo todo que trago dentro de mim. É como se as lembranças sussurrassem histórias já vividas em meus ouvidos. Como se o vento e os respingos da chuva que entravam pelo vão entreaberto da janela quisessem me acariciar lavando meu rosto com a água fria. Relaxo e fecho os olhos... Um sono me invade e durmo. Acordo com o som de risadas e conversas. No ônibus lotado entrara um casal jovem... Uns dezesseis, dezoito anos no máximo. Ela havia se sentado no banco ao meu lado e o garoto no banco do outro lado do corredor... Gracejam e mandam beijos um pro outro. Tão lindo começar o dia assim... Ofereço meu lugar para que o rapaz se sente e passo eu para o banco que ele ocupava. Eles me agradecem e se aconchegam juntinhos, mãos entrelaçadas e aquele sorriso bobo nos lábios... Encosto novamente no banco e fecho os olhos... Uma saudade de viver momentos assim: Mãos entrelaçadas... Sorriso fácil... Ternura e inocência... É confuso... Parece que foi ontem a última vez que senti meus dedos se entrelaçarem em outros dedos... E ao mesmo tempo, parece que faz tanto tempo... Seja como for, presenciar momentos de ternura logo pela manhã fez o meu dia mais belo.