EIXO ANHANGUERA... E, MAIS UMA VEZ, LÁ SE FORAM MEUS CINCO CENTAVOS
Sinceramente, pensei em intitular este artigo de A máfia no Eixo Anhanguera e o efeito Robin Hood, mas não poderia fazer isso, primeiro porque, não se trata, talvez, de uma máfia, segundo porque Robin Hood, o “Príncipe dos ladrões” é um herói mítico inglês, um fora da lei que roubava da nobreza para dar aos pobres e neste caso que passo a narrar abaixo, não se trata exatamente de um roubo, mas de um assalto.
Pois bem, estando eu no centro da cidade, depois de resolver alguns pepinos do cotidiano chegou o momento de eu regressar à minha casa. Necessitei embarcar no Eixo Anhanguera rumo ao Terminal Padre Pelágio. Numa das plataformas, venci uma fila gigantesca para comprar o bilhete de embarque, mas um problema impedia a vendedora da passagem, camuflada por uma cabine escura, liberar a catraca para três pessoas que estavam em minha frente passar. Cheguei a pensar que um dos três passageiros estivesse entalado na catraca, porém, nada demorou em eu entender o fato. Feito um intruso involuntário, acabei participando passivamente da conversa: Um rapaz e duas moças tentavam negociar com a funcionária a dispensa de R$ 0,05 (cinco centavos), já que como uma viagem no Eixo Anhanguera custa R$ 1,35 (um real e trinta e cinco centavos), três passagens dariam R$ 4, 05 (quatro reais e cinco centavos) e como o rapaz e as moças pareciam ter somente R$ 4,00 (quatro reais), a vendedora disse não poder liberar a catraca para os três por aquele valor, em hipótese alguma, pois se assim fizesse tomaria prejuízo! (Certamente, um prejuízo de cinco centavos deixa qualquer um pobre). Com muito custo e, quiçá, pelo tumulto que estava criando aquele impasse, a vendedora resolveu abrir mão do valor e os três passageiros conseguiram embarcar ainda num ônibus que acabara de chegar à plataforma.
Logo, paguei meu bilhete, recebi meu troco e ainda consegui entrar pela porta traseira do mesmo ônibus. Ao conferir o troco, tive uma surpresa, o valor dispensado pela vendedora para os três passageiros foi descontado do meu suado dinheirinho. Tudo bem, tudo certo! E daí, que falta me fará R$ 0,05 (cinco centavos)?
De repente, lembrei-me que havia me esquecido de quitar o carnê da internet! Então, desci daquela condução e, na mesma estação, tomei outro ônibus, agora sentido contrário. Fui em busca de uma Casa Lotérica...
Quitada a prestação do mês, novamente fui em direção à outra plataforma para comprar mais um bilhete e voltar despreocupado para casa, mas ao chegar à plataforma de embarque do Eixo Anhanguera notei que naquela estação a fila estava ainda maior que a do embarque anterior. Contudo, apossei do rabo da fila e esperei... Esperei... Esperei... E, após perder cerca de cinco ônibus, fui atendido por uma funcionária que me informou não ter troco e, por conta daquilo, ficaria me devendo (para sempre, claro) R$ 0,05 (cinco centavos). E, mais uma vez, lá se foram meus cinco centavos... Tudo bem, tudo certo! E daí, que falta me fará R$ 0,05 (cinco centavos)?
Dizem que para toda pergunta existe a resposta e quem sou eu para não acreditar no que dizem? Alguns quilômetros à frente, entre uma e outra plataforma, o bendito ônibus dá uma pane e o condutor avisa que lamentavelmente não poderá continuar. Aconselhou os passageiros a descerem do veículo e fazer o trajeto a pé até a próxima estação, na qual todos nós adentraríamos sem precisar pagar novamente, o que era óbvio e justo. Porém, avistei um amigo de longa data numa das calçadas e fui ao encontro dele... Conversamos por uns cinco minutos, tempo suficiente para todos os passageiros sumirem de minhas vistas feito uma pegadinha do programa Sílvio Santos!
Despedi do amigo e “perna para que te quero” em direção à plataforma mais próxima de onde o ônibus havia quebrado e agora estava abandonado.
Um guarda feio não permitiu minha entrada gratuita e ainda me acusou de malandro, veja só! Tive que encarar mais uma vez fila e ao aproximar do guichê para retirar o terceiro bilhete do dia fui informado pela atendente que infelizmente eu não poderia embarcar, pois faltavam R$ 0,05 (cinco centavos) do valor da passagem que custa R$ 1, 35 (um real e trinta e cinco centavos)!
Diante da situação e, ao me lembrar do cartão da poupança, dei um tapa no bolso e puxei a carteira para fora, mas nada de novidade ou surpresa, pois não tenho o tal cartão, muito menos a tal poupança. Tive que me aventurar numa pernada até a minha casa, aonde cheguei quatro horas depois! Tudo isso por conta de meus cinco centavos. Mas como já disse, tudo bem, tudo certo! E daí, que falta me fará R$ 0,05 (cinco centavos)?