Terra da garoa

Tem certas coisas que acontecem, talvez para nos deixar mais alertas, talvez para nos mostrar que anjos existem e vivem entre nós ou aparecem quando mais precisamos.

Ontem vivi uma dessas situações.

Fui para São Paulo a trabalho, sozinha, e após fazer tudo o que me era devido, testemunhei uma cena, corriqueira para quem sempre comenta sobre os perigos de uma metrópole, mas assustadora em qualquer cidade.

Antes do relato de minha aventura inusitada, deixo claro que amo a cidade de Sampa e algumas pessoas que lá residem e se fosse de minha escolha, também lá fixaria morada.

Mas voltando aos fatos, para quem conhece a Av. dos Bandeirantes, sabe que a mesma trava em alguns trechos e horários, o que facilita a ação de pessoas mau intencionadas.

Com suas quatro faixas de circulação na maior parte de sua extensão, não são suficientes para a fluidez do trânsito.

Ontem não foi diferente.

Trânsito parado, calor terrível, prenúncio de uma tarde chuvosa, algumas pessoas se tornam alvos fáceis.

Passou por mim pela esquerda, entre uma faixa e outra, dois indivíduos em uma moto.

Nada teria me chamado a atenção, se não fosse pela moto pintada de preto muito precariamente e a viseira de seus capacetes totalmente escura. Sem placa...

A atitude do carona também suspeita, pela forma com que mantinha a mão direta junto ao corpo como se escondesse algo.

Nesse momento não foi nenhuma surpresa quando a moto parou ao lado de um carro uns dois veículos a minha frente na faixa da esquerda.

Imediatamente ouvi um grito da jovem que poucos minutos antes havia emparelhado comigo no trânsito, a qual eu havia visto de vidro aberto com o braço para fora do carro.

Havia reparado na ocupante do veículo pois me chamou a atenção as pulseiras que ela usava.

Tão logo ouvi o grito, tudo passou a se desenrolar em velocidade alucinante...

O motorista a minha frente acionou a buzina do seu carro com tamanha insistência e logo em seguida o motorista ao meu lado esquerdo fez o mesmo, me assustando e assustando os indivíduos na moto.

Ao meu lado direito um carro preto, sem nenhuma identificação, acionou uma sirene e luzes intermitente acenderam dentro da grade dianteira.

Um dos ocupantes do veículo preto desceu correndo e a moto saiu em disparada.

A moça, vítima em questão, desceu do carro e apanhou algo ao lado do veículo.

O suposto policial a paisano se aproximou, a fez entrar no carro, sinalizou que estava tudo bem e retornou ao carro preto, agradecendo a atitude dos motoristas que buzinaram e espantaram os ladrões.

O trânsito continuou no anda e pára.

A moça que aparentemente não teve nenhum objeto furtado, continuou seu caminho, com o vidro fechado.

Tudo ficou apenas no susto...

Mas a reação poderia ter sido outra.

Não sei se eles estavam armados ou não, a moto poderia ter afogado o motor e os policiais poderiam ter atirado....

Mas...

Tudo terminou bem, na terra da garoa, dessa vez...

Regina Guarnieri
Enviado por Regina Guarnieri em 26/09/2014
Código do texto: T4977405
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