Pretensa superioridade
O narciso ingrato não esquece propriamente o que lhe fizeram de bem, apenas acha que lhe fizeram muito menos do que ele merecia... Esse mau reconhecimento decorre da subida vaidade que proporciona um falso sentimento de superioridade, doença que poderia ser chamada de “pseudestesia”. Em qualquer sentido, Deus é simples, jamais seria vaidoso, narcisista, pois Ele, mais do que ninguém, consciente de Si, é independente de sensações imaginárias, sabedor de que tudo merece e de que a Ele tudo devemos. Daí, ser a gratidão a Deus a maior consequência da fé. Também porque a gratidão, sem ser dívida, é uma espécie de dívida; e a quem Deus deveria? D’Ele, somente dádiva...
Mas, o não narcisista é considerado ingrato quando não agradece porque esquece... Assim tenho medo de esquecer; não só de esquecer eventuais atenções, benefícios, mas também o que penso, o que digo, o que ajo. Se assim esquecesse, como melhoraria meus pensamentos, minhas palavras, minhas ações? Como eu, certamente o caro leitor nunca desejará perder a faculdade de não esquecer. O esquecimento também nos faz esquecidos. Sentir que estamos esquecendo é uma dor, mas dor maior é a de que estamos sendo esquecidos... Certamente as coisas, os fatos e as pessoas não se eternizarão na nossa memória, mas torcemos que o tempo não as apague tão ligeiramente. Há dias, tentei visitar uma amiga, mas seu familiar me advertiu: “Não adianta, ela esqueceu quem você é”... Isso não deixa de ser uma dor.
Para não se perder a memória, é bom lembrar tudo aquilo que merece gratidão. Se esqueço as coisas, as pessoas amadas e gratificantes, perco também a alegria: o jardim, os livros, as flores, os filmes, o vinho, a música, as pinturas, a família, sobretudo, os amigos e as amigas, tornando a vida um mundo cinzento, sem brilho, sem cor, sem gosto, insípido. Penso que não é por maldade que os homens esquecem, pois seriam vitimas dessa mesma maldade, ao não saber a diferença entre o riso e o choro, entre o bom e o melhor. Cuidemos, enquanto é tempo, da memória também dos nossos valores, na cultura; e na política, daqueles que, pelo seu passado, são autênticos e dedicados ao trabalho, ao bem comum, também por reconhecimento, merecedores do nosso voto. Se esquecimento esvazia nossas vidas, haja velas que exorcizem a morte da memória que nos tranca numa sala escura sem porta e sem janela...
Mas, o não narcisista é considerado ingrato quando não agradece porque esquece... Assim tenho medo de esquecer; não só de esquecer eventuais atenções, benefícios, mas também o que penso, o que digo, o que ajo. Se assim esquecesse, como melhoraria meus pensamentos, minhas palavras, minhas ações? Como eu, certamente o caro leitor nunca desejará perder a faculdade de não esquecer. O esquecimento também nos faz esquecidos. Sentir que estamos esquecendo é uma dor, mas dor maior é a de que estamos sendo esquecidos... Certamente as coisas, os fatos e as pessoas não se eternizarão na nossa memória, mas torcemos que o tempo não as apague tão ligeiramente. Há dias, tentei visitar uma amiga, mas seu familiar me advertiu: “Não adianta, ela esqueceu quem você é”... Isso não deixa de ser uma dor.
Para não se perder a memória, é bom lembrar tudo aquilo que merece gratidão. Se esqueço as coisas, as pessoas amadas e gratificantes, perco também a alegria: o jardim, os livros, as flores, os filmes, o vinho, a música, as pinturas, a família, sobretudo, os amigos e as amigas, tornando a vida um mundo cinzento, sem brilho, sem cor, sem gosto, insípido. Penso que não é por maldade que os homens esquecem, pois seriam vitimas dessa mesma maldade, ao não saber a diferença entre o riso e o choro, entre o bom e o melhor. Cuidemos, enquanto é tempo, da memória também dos nossos valores, na cultura; e na política, daqueles que, pelo seu passado, são autênticos e dedicados ao trabalho, ao bem comum, também por reconhecimento, merecedores do nosso voto. Se esquecimento esvazia nossas vidas, haja velas que exorcizem a morte da memória que nos tranca numa sala escura sem porta e sem janela...