A lei de Newton

Ainda não falei de Newton. Lei de Newton. Implacável, como o Professor do terror. Mas pensando bem, já livre de suas garras, falar

dele sem amarras, bem convém, sim, e assim até, fazer farras.

Professor de Português e Latim, mordia feito um danês ou um mastim. E pra muitos, da picada, era o fim. Suas argüições em classe então era a tortura com data desmarcada. Mal terminada a chamada, sorteava

quatro ou cinco números aleatoriamente e lá estavam as vítimas selecionadas. Fazia a cada um cinco perguntas, dava o veredito e executava, convencido sempre do delito.

E enquanto o infeliz aluno matutava uma resposta, que se engasgava em sua mente, Newton não lhe oferecia muita compaixão, senão, aquela

mão, a baixar, em compulsão: "dou-lhe um, dou-lhe dois, e dou-lhe três". E, morta Inês, erumavez.

Mas pensando bem, que grande mestre estava ali, apesar de seu método aparentemente enlouquecedor. Quantos alunos não aprendemos

a estudar, ainda que pra salvar a face ali no meio da classe?

A sorte da rapaziada entretanto, era que ao Newton, apetecia mais ensinar as classes femininas, por certo mais estudiosas - e por certíssimo mais cheirosas. Ainda que parecessem menos prosas. Assim, o que para nós sobrava, era o Latim que ele lecionava. Com a indelicadeza de um centurião - ordenando os gladiadores a enfrentarem o leão. Ave Caesar!

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 25/09/2014
Reeditado em 27/03/2023
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