COSTURANDO
Quase um minuto para que Ela conseguisse passar a linha no fundo
da agulha. Não sabe se realmente Ela está com as vistas fracas ou
Se é mesmo difícil passar uma linha no fundo de uma minúscula
Agulha.
Enquanto Ela cerzia o tecido rasgado pensava nos passos que já deu nessa sua vida. Nas curvas nos altos e baixos.
Percorreu estradas longas que pareciam não ter fim e algumas vezes estradas curtas demais.
As partes curtas, costurava rápido com facilidade e perfeição, as curtas estradas da sua vida que percorreu foram as mais leves e alegres.
Triste é subir ponto após ponto, difícil e pesado parece estar carregando o mundo nas costas, pensava em desistir entregar-se a derrota ali mesmo.
Mas olhava para trás e via o que já andou e não podia perder tudo isso que havia conquistado.
Cada curva que fazia uma surpresa. Não tinha ideia ate quando a linha ia dar para continuar a coser...as curvas da sua vida também cada uma mais surpreendente que a outra horas coisas boas horas coisas ruins sem saber se estava perto do fim.
Sofria, chorava, ria, brincava e assim seguia adiante, sem parar sem olhar pra trás. Pois o que passou passou...
Só resta agora um pouquinho e pronto, sabe que dará o nó na linha para a costura não desmanchar.
Assim sem perceber Ela espeta o dedo com a agulha, inebriada em seus pensamentos só volta a si ao sentir dor. Essa dor trás ela de volta onde vê que está revivendo suas lembranças e comparando-a com uma simples costura.
Ela olha o dedo e chora ao ver que os longos anos de sua vida se compara a uma roupa rasgada e que finda com apenas uma gota de sangue.
Lediene Nunes