DELÍRIO ELEITORAL

Se for me preocupar antecipadamente com o que possa haver após cada esquina, é provável que não saia do lugar. Há um blablablá infernal na campanha presidencial, sempre com cada candidato/a jogando para o outro/a o caos futurista. E o imaginário de nós, eleitores mortais e comuns, que se ajuste para encontrar a “solução salvadora”.

Não há redentores na seara de qualquer partido que está na disputa. Então, o infeliz eleitor, desprovido de aura sagrada (os marqueteiros imaginam que os candidatos a possuam), que assuma, presume-se de antemão, o erro cometido. “Erro” num risco obrigatório, posto que o votar o é. No rito dessa desinformação propagandística somos levados a amar ou odiar o adversário. Jamais a ouvi-lo ou entendê-lo. Forma-se um flaflu, um grenal, um bavi, sei lá, onde o que importa é torcer contra.

Esta morte anunciada da política fez nascer o reino da marquetagem, um império onde importa martelar o que está dando melhor resposta na desconstrução do adversário/a e que repercuta melhor entre os tais grupos de “formadores de opinião”. Aí a coisa vira “verdade”. E talvez letra morta depois da possível vitória. Parafraseando Groucho Marx que disse jamais frequentar um clube que o aceitasse como sócio, não gostaria de votar em quem me tem como um bobo a ser manipulado. Mas isto é o que está posto: um reino de uma fantasia podre e pobre de argumentos.

Não me iludo e nem me incluo nas hostes daqueles que acham estar a salvação longe do reino da política. Não está, eis a aparente contradição!, pois, dialeticamente, é daí que deve sair a superação, mesmo cercada por todos os limites impostos no campo da representatividade.

Quem sabe mais à frente não surja um marqueteiro genial que proponha, à Mary Shelley, a junção do todos os candidatos num só monstro autoflagelante e sem tantas certezas?

Cleo Ferreira
Enviado por Cleo Ferreira em 23/09/2014
Reeditado em 23/09/2014
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