EMOÇÃO DO OLHAR!

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- Estou vendo o rosto de minha esposa e de meus filhos pela primeira vez, disse o paciente que fora operado de catarata no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Manaus, nos anos 80, quando os médicos Juan Villa Beneyto e Expedido Teodoro implantaram o primeiro Banco de Olhos no Amazonas, com a ajuda do Rotary Clube do Distrito Industrial. Hoje, o prédio histórico do hospital encontra-se fechado por dívidas acumuladas há muitos anos e sem uma solução política ou técnica. O hoje candidato a deputado estadual Mário Frota chegou a lutar pela sua reabertura quando foi vice-prefeito de Manaus, mas não conseguiu, mas continua lutando! Cheguei a ficar internado no hospital, vítima de pneumonia na adolescência e do leito ouvia o provedor do Hospital, Dr. João Lúcio Pereira Machado dando ordens em voz alta pelos corredores. Ele, pessoalmente, era uma pessoa educada hoje dá nome do hospital “João Lúcio”, na Zona Leste de Manaus. Como membro do Rotary Clube e jornalista, fui designado para cobrir o resultado da primeira cirurgia de transplante de corneia realizado em um paciente.

Os dois médicos retiraram ao mesmo tempo o tampão do olho do paciente. Ele começou a olhar espantado para o rosto de sua esposa, dos seus filhos, que lhes eram desconhecidos até aquele dia. Depois, abraçou-os todos e chorou, como devem chorar também os mais de 600 mil brasileiros que sofrem da mesma doença e dependem de um transplante de córnea para voltarem a ver a vida como está difícil embora rever rostos, cores, flores, a natureza seja belo demais! O Amazonas, teve um Banco de Olhos e hoje não tem mais nem o hospital.

A Santa Casa tem histórias a serem contadas. No local, nasceram o jornalista, professor e articulista José Ribamar Bessa Freire, também a filha da apresentadora de TV, Babby Rizzatto; falecera o ex-governador do Amazonas, Álvaro Maia no dia 4 de maio de 1969, assistido pelo seu médico Dr. Osvaldo Said, acompanhado da enfermeira e prima Maria Helena Paiva Monte e do amigo Dr. Erasmo Alfaia. No mesmo hospital também se internara a mãe do ex-governador do Estado, Gilberto Mestrinho, a Sra. Balbina Mestrinho, hoje nome de maternidade em Manaus. Nem com toda essa história viva, o Hospital da Santa Casa continuará morto e não será reaberto nunca mais, pois sequer faz parte das discussões políticas dos candidatos ao Governo do Amazonas, que em campanha, anunciam o que farão na área de saúde se forem eleitos, mas nada mencionam sobre o prédio antigo e histórico onde funcionava a Santa Casa e local vai se deteriorando, porque é mais fácil construir novos hospitais e equipá-los do que restaurar e equipar um hospital que já está pronto! A razão dessa preferência, desconfio, mas não tenho certeza!

O Hospital foi construído para atender “a necessidade de internação de pacientes destituídos de recursos (…) e sem famílias e moradias”, como maternidade e hospital em 1880, sendo um dos primeiros de Manaus. Recebeu o primeiro banco de olhos implantado, quando funcionava, possuía 17 consultórios médicos e oftalmológicos, 202 leitos distribuídos em apartamentos e enfermarias das áreas clínica, cirurgia e de maternidade, cinco salas de UTI, lavanderia, laboratórios, cozinha, banco de sangue e salas administrativas. Hoje a Santa Casa está falecendo à míngua e nenhum candidato ao Governo, mesmo com o caos na saúde pública, menciona reabri-la! E por que estou escrevendo sobre o Hospital da Santa Casa?

O hospital foi prometido ser reaberto pelo ex-prefeito de Manaus, senador e agora candidato a deputado federal Alfredo Nascimento e pelo ex-governador do Estado e candidato ao senado pelo Amazonas, Omar Aziz, mas continua fechado. Os atuais candidatos ao Governo anunciam a construção de novos hospitais e nada falam sobre a reabertura de um hospital que está construído e hoje é explorado como estacionamento e lavagem de carros pelos “flanelinhas”. Será que as águas do lava jato clandestino estão envenenando as veias dos atuais candidatos ao Governo do Estado ou dos presidentes das Comissões de Saúde da Câmara e da Assembleia Legislativa do Estado, tornando-os incapazes de ver que o prédio ainda é uma parte da história social e sentimental da sociedade do Estado e nada fazem pela sua reabertura?

Ou seria só mais um símbolo de incompetência com um local onde nasceram pessoas importantes na História do Amazonas e ter recebido em seus leitos pessoas importantes do Amazonas e do Brasil, como o senador Álvaro Maia e Sra. Balbina Mestrinho, mãe do ex-governador Gilberto Mestrinho? Talvez não venha a ser restaurado seu prédio histórico e devolvida à sociedade! Ou será que por não haver dividendos financeiros, as autoridades públicas preferem investir milhões em novas construções ao contrário de promoverem dividendos sociais ao povo com a reabertura de um prédio para a cidade de Manaus? Estranho! Muito estranho que uma estrutura pronta e que já funcionou não possa voltar a funcionar novamente! Talvez seja isso!

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 22/09/2014
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