Abstração Objetiva
Temos luz, temos trevas. A necessidade de encontrar os caminhos para uma realização pessoal trazem motivos e indagações quanto ao que é viver.
Às vezes subimos nas montanhas da virtude e o que avistamos? Um mundo cheio de magias, algumas definidas na calmaria da paisagem, nossa serenidade, outras envoltas nas diversas relações de dependência em relação a toda “composição”, o sentido que buscamos para emoldurar o quadro de nossas vidas.
A vida são estas e outras situações: carne e sentimento se fundindo numa dança psicótica. Nada é colocado em pratos limpos, apenas se “dança” o mesmo ritmo freneticamente: os pares são feitos, o momento é fantástico em suas entrelinhas, porém existem as libélulas certas para a emancipação.
Talvez queremos saciar nossos anseios, jantar o desgaste diário em prol de um café oportuno, transar para se conhecer, amar para perder este conhecimento: viril, humano, saciável e promissor.
Até mesmo o corpo feminino é digno de uma celebração: puro em suas formas, cada encontro de pele uma promessa, um odor, uma particularidade, uma vida inteira a ser desvendada... Gosto, cheiro, um toque de sedução que se rende ao encontro com o prazer. Seria nossa vida a mesma jornada? A descoberta seria a mesma? Creio que a diferença são as várias possibilidades de tratarmos a vida como uma procura incessante, formuladora de “altos” e “baixos” no contexto ideológico humano.
Quem quer viver no real mundo imaginário: cheio de formas e beleza, criando e recriando a razão, cantando ao som de pássaros e pensando ao som de uma explosão de foguetes que conotam uma realidade dura.
Como somos diferentes de qualquer fato “real”, submissos à objetividade, resolvendo-a de forma abstrata.
Gostar, pensar, sonhar, querer, odiar, se aliviar e muitas outras colocações racionais são meramente a sina que levamos ao eterno mundo pessoal: ninguém possui nem mesmo uma opinião imutável. Somos recicláveis, totalmente dependentes de nossa própria abstração.