Superando desafios

Nunca falei em público. Mesmo uma tagarela desde criança, o público nunca teve a oportunidade de conhecer qualquer manifestação de minha parte.

Em 1996 trabalhava em um grande Call Center em São Paulo. Por 1 ano liderei por parte da empresa, um projeto de fonoaudiologia para os Operadores junto à uma empresa contratada de Consultoria específica para esse fim.

Eis que o resultado foi tão satisfatório que fomos convidados a expor o “case” em um Congresso Nacional de Fonoaudiologia no Anhembí. Mais de 1000 profissionais.

Minha Gerente de Divisão solicitou que eu criasse o material para que ela fizesse a exposição. Com grande alegria montei gráficos de resultados em uma apresentação, na época, impecável.

Dois dias antes do evento, numa manhã, soube que ela estava no hospital e, lá pelo meio dia, fui chamada para conversar com ela.

No hospital ela falou:

- Ana, passei por uma cirurgia para extração de um rim e ficarei aqui por mais 1 semana. Isto significa que a apresentação no Congresso será feita por ti.

Sem palavras e penalizada com a sua saúde, não ousei argumentar. Simplesmente entrei em pânico quando saí do quarto.

Um dia antes, busquei orientações com o Consultor Chefe, deixando clara a minha dificuldade e total ausência de habilidade em falar em público.

Ele, com muita habilidade, acalmou-me:

- O salão será enorme. Mais de 1000 profissionais estarão ansiosos pela tua apresentação e não podes falhar – e não falharás! O material está ótimo. A tua voz é clara. Não tem como não dar certo. Irei contigo e, chegando lá, sentarei na primeira fila. Iniciarás a apresentação olhando prá mim e, à medida que o tempo for passando, me deslocarei e tu, lendo e apresentando, me acompanharás com os olhos. Essa é uma tática muito usada em apresentações, no sentido de expor o conteúdo para o público em geral. Vá para casa, tranquilize-se porque amanhã será o dia da tua estreia. Pense nisto!

Na manhã seguinte acordei zonza, sem voz. Apavorada tomei uma limonada, não deixando de pingar gotas puras de limão na minha garganta. Aproveitei os exercícios aprendidos e, após ter vestido uma calça preta combinando com uma camisa branca e um batom nos lábios, me encaminhei para o local. Carregava a bolsa com as mãos trêmulas.

Lá chegando tomei conhecimento de que a primeira apresentação seria a minha. Respirei fundo, pensei nas palavras do Consultor, avistei-o na primeira fila e iniciei a apresentação.

Meus olhos não pararam de seguí-lo e, a partir daquele dia, falar em público nunca mais me causou pânico.

Mais um desafio superado.

Rosalva
Enviado por Rosalva em 22/09/2014
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