Nostagia Técnológica
Que atire a primeira pedra quem nunca sentiu falta daqueles celulares azuis, modelo Chuck Norris ou daquele outro mais redondinho , aquele da antena quebrada e do jogo da cobrinha. Os nossos ultra modernos smartphones já dominaram as listas de desejos das pessoas, e apesar de não serem tão nostálgicos quanto os antecessores, e de nem sabermos pronunciar direito aquelas funcionalidades que estampam as propagandas, vivemos na certeza que não podemos viver sem seja lá o que isso for.
Nessa tão notória época de conectividade, vi uma propaganda de um desses lançamentos de um celular a prova d´agua, mas verdade seja dita, os celulares “antigos” de 5 anos atrás, resistiam muito bem a água, desde que tivesse um secador de cabelos a postos. Naquela época, nem precisava de capinhas para proteger, pois eles mesmos se protegiam e, dependendo da situação, você ainda se protegia dos outros se alguém tentasse roubar sua carteira. Quem lembra de quando os ladrões pegavam as carteiras? Hoje, acho que o termo “batedor de carteira” já caiu em desuso, virou “batedor de celular”, afinal quem quer roubar uma carteira normalmente sem dinheiro e com cartão de crédito de senha?
Em setembro, acompanhei o lançamento de um novo smartphone daquela empresa com nome de fruta, que não podemos citar o nome sem pagar royalties, e que anunciou um relógio que será o parceiro de vendas dele. Naquele momento achei interessante, muito tecnológico claro, e bastante inovador no sentido levando em consideração os relógios digitais (jurava que isso já existia há algum tempo) que já havia sido lançado pela concorrência até aquele momento. Naquela mesma noite, quando passeava entre as gôndulas do supermercado, ao avistar o pacote de queijo ralado imediatamente ao lado do macarrão, eu percebi que na realidade não tinha nada de inovador naquilo, e que já era prática do mercado geral essa coisa de venda casada, mas com todo respeito, quem mata minha fome ainda é o macarrão, não importando a qualidade, nem a marca, nem quantas receitas inovadoras o queijo ralado tenha.
Vi também a história de uma pessoa, que após quase dois anos de uso, fez o impensável: mandou o celular para a assistência técnica. Não entendi direito o sentido de fazer um backup na núvem, que está protegida por uma única senha, se o próprio celular protege aqueles mesmos dados provavelmente com uma senha muito parecida (se não a mesma da usada na nuvem), mas todo cuidado é pouco para manter a privacidade onde ela realmente deve estar: no Facebook. Enfim, o celular se foi, e o reserva emprestado chegou, mas só fui ver o aparelho 5 dias depois, quando foi fazer a primeira recarga desde o empréstimo, e para a minha surpresa não era ninguém menos que Chuck Norris, ou algum neto dele nascido momentos depois, sem nenhum risco, sem nenhum defeito e fazendo tudo aquilo que um celular foi criado para fazer: uma ligação.