Aguas da Jaguaruna
Mesmo ao passante casual - e raro, por sinal - a cidadezícula da Onça de Pitangui muito coreto bagonça: o que há de aguadas explícitas, manifestas, expressas ali daria pra matar a sede do mundo. Senão, das poucas e raras visitas, ao menos dos selenitas que nas noites de luar não fazem outra coisa se não espiar - e cobiçar tudo o que sua luz mortiça, que a volúpias atiça, argentear.
E no entanto, a vida ali naquelas bibocas, já foi dura para as poucas centenas de habitantes que se aglomeravam à sombra plácida da matriz de Santa Ana e das jaboticabeiras altaneiras.
O seleiro Velusiano, meu avo paterno, em seu quinto matrimônio - sucedente ao que consta e contavam quatro viuvezes naturais - cercado de filhos, não podia viver só da sela, arreios e quintais. E nem a derrama, ali, já havia mais, de tão exauridos que andavam aqueles veios de um ouro que não mais afluía, a não ser pra mangar daquelas redobradas cacundas rodopiando bateias infecundas.
Assim, se pode imaginar, pelos relatos doutrora, a despeito das águas, se hora não era de a gente já frouxa pegar a trouxa e ir embora.
A menina Tininha, filha do dito seleiro, é que contava do gosto ácido do café de fedegoso, ou do sebo - que o pai Velusiano, orgulhoso, quando tomava emprestado, alegava precisar pra lustrar a sela - mas ia logo era pra panela...