A tamarineira
A Tamarineira
Ah!Indiferença estúpida de um cego! De dedo em riste,falaria a mim,Augusto dos Anjos.A razão deste prelúdio eloqüente reside em fato,aparentemente,inócuo.
Leitor amigo,o passado ,em verdade,não existe,basta ter saudade...Meu grande amigo colega de profissão,trovador e que tanto me inspirou, Francisco de Assis Madureira definia a saudade numa trova singela:
“Saudade,ponte encantada
Entre o passado e o presente
Onde a vida passada
Volta a passar,novamente...”
Indagaria,então,qual a ligação dos versos do mestre do simbolismo e a palavra título desta crônica?
Convido,pois,a fazer, comigo, um passeio pelo,ainda,aprazível bairro da Tijuca,exatamente na Avenida Maracanã,banhada pelo rio de mesmo nome.Ao visitar o meu pai com 95 anos,percorro o sinuoso trajeto e as memórias d’infância,de quando em vez,oferecem relances dos tempos de garoto:jogos de pelada,brincadeira de pique...Certo dia,porem,quando em frente a um belo edifício,veio a lembrança da velha tamarineira que convivia com sua amiga de azedos frutos na beira do rio.
Naquele tempo,as jaqueiras,mangueiras,goiabeiras socorriam os moleques quando a fome apertava,mas o fruto da tamarineira era um desafio ao glutão,pois,o sabor acido percorria toda a língua e as caretas de azedume eram inevitáveis.
Amigo leitor,o tempo das horas santas mansas,preguiçosas em que imaginávamos,entre nuvens,gatos,cachorros e patos,ouvíamos,contritos o Julio Louzada na oração da Ave Maria,que a ventura habitava nos simples recantos e,por certo,no ermo daquela tamarineira altiva...
Entretanto,o progresso não poderia ser detido e as obras de ampliação das vias,em razão do aumento crescente de carros,carecia reduzir as margens daquele rio.Um exercito de serras elétricas,enxadas rumou em direção a tamarineira amiga da minha tamarineira amiga...Em poucos minutos,desaparecia o abrigo de pardais,sabiá laranjeira que faziam seus ninhos e o concreto sepultou suas raízes...
Amigo leitor,Augusto dos Anjos,em sua repreensão,trouxe luz a um fato que,somente agora,me foi elucidado:A velha tamarineira fora acometida de estranha “maladie“,onde um enorme oco se desenvolveu em seu caule,permitindo a passagem de uma cabeça de criança.Admirava,contudo,que,ainda assim,os frutos se multiplicavam em seus galhos,desafiando o viajor incauto ,sedento que,por ali,passava.
O velho Manoel de Barros,jocosamente,diria:”As flores desta arvore nascerão mais perfumadas”.Eu arremataria,inconseqüente:“E seus frutos fariam inveja a dulcíssima manga rosa!”
Ah!Infame progresso!Tu mataste meu tempo de criança! Açoitaste tanto a tamarineira sofrida de saudade da doce companheira que ela,enfim,desistiu de viver...
Hoje,sentindo-me um cego estúpido,torno-me,cristalino vidente!
Convido,pois,meus amigos leitores insanos a rever as duas tamarineiras ,ponte alegre de passarinhos e degustar com olhos bem abertos,os azedos frutos e,após ,a carranca,garatuja de criança, de satisfação,emitir delicioso sorriso...
A Tamarineira
Ah!Indiferença estúpida de um cego! De dedo em riste,falaria a mim,Augusto dos Anjos.A razão deste prelúdio eloqüente reside em fato,aparentemente,inócuo.
Leitor amigo,o passado ,em verdade,não existe,basta ter saudade...Meu grande amigo colega de profissão,trovador e que tanto me inspirou, Francisco de Assis Madureira definia a saudade numa trova singela:
“Saudade,ponte encantada
Entre o passado e o presente
Onde a vida passada
Volta a passar,novamente...”
Indagaria,então,qual a ligação dos versos do mestre do simbolismo e a palavra título desta crônica?
Convido,pois,a fazer, comigo, um passeio pelo,ainda,aprazível bairro da Tijuca,exatamente na Avenida Maracanã,banhada pelo rio de mesmo nome.Ao visitar o meu pai com 95 anos,percorro o sinuoso trajeto e as memórias d’infância,de quando em vez,oferecem relances dos tempos de garoto:jogos de pelada,brincadeira de pique...Certo dia,porem,quando em frente a um belo edifício,veio a lembrança da velha tamarineira que convivia com sua amiga de azedos frutos na beira do rio.
Naquele tempo,as jaqueiras,mangueiras,goiabeiras socorriam os moleques quando a fome apertava,mas o fruto da tamarineira era um desafio ao glutão,pois,o sabor acido percorria toda a língua e as caretas de azedume eram inevitáveis.
Amigo leitor,o tempo das horas santas mansas,preguiçosas em que imaginávamos,entre nuvens,gatos,cachorros e patos,ouvíamos,contritos o Julio Louzada na oração da Ave Maria,que a ventura habitava nos simples recantos e,por certo,no ermo daquela tamarineira altiva...
Entretanto,o progresso não poderia ser detido e as obras de ampliação das vias,em razão do aumento crescente de carros,carecia reduzir as margens daquele rio.Um exercito de serras elétricas,enxadas rumou em direção a tamarineira amiga da minha tamarineira amiga...Em poucos minutos,desaparecia o abrigo de pardais,sabiá laranjeira que faziam seus ninhos e o concreto sepultou suas raízes...
Amigo leitor,Augusto dos Anjos,em sua repreensão,trouxe luz a um fato que,somente agora,me foi elucidado:A velha tamarineira fora acometida de estranha “maladie“,onde um enorme oco se desenvolveu em seu caule,permitindo a passagem de uma cabeça de criança.Admirava,contudo,que,ainda assim,os frutos se multiplicavam em seus galhos,desafiando o viajor incauto ,sedento que,por ali,passava.
O velho Manoel de Barros,jocosamente,diria:”As flores desta arvore nascerão mais perfumadas”.Eu arremataria,inconseqüente:“E seus frutos fariam inveja a dulcíssima manga rosa!”
Ah!Infame progresso!Tu mataste meu tempo de criança! Açoitaste tanto a tamarineira sofrida de saudade da doce companheira que ela,enfim,desistiu de viver...
Hoje,sentindo-me um cego estúpido,torno-me,cristalino vidente!
Convido,pois,meus amigos leitores insanos a rever as duas tamarineiras ,ponte alegre de passarinhos e degustar com olhos bem abertos,os azedos frutos e,após ,a carranca,garatuja de criança, de satisfação,emitir delicioso sorriso...