CONVICÇÃO

Não acredito que o homem saiba mesmo como ser feliz! Ser feliz custa, dói, exige, não dá trégua!Não dá trégua para as renúncias. Renúncias de suas vontades para a do outro. Do outro ou dos outros, na maioria das vezes. Na maioria das vezes a felicidade é construção. Construção de tijolo sobre tijolo. Mas tijolo pesa, é áspero, de uma aspereza que também faz parte da felicidade.

Não acredito que o homem saiba mesmo como ser feliz. Talvez seja por isso que viva em constante busca. Não acredito que o homem saiba mesmo como ser feliz. Não acredito que ele tenha se empenhado o suficiente para encontrar o caminho ou os caminhos.

Não acredito que o homem saiba mesmo ser feliz. Nem que ele saiba exatamente o que é ser feliz. Pois a felicidade é luz e sombra.E ele vive em busca da luz, no entanto, a sombra faz parte da sua figura.

Não acredito que o homem saiba mesmo como ser feliz. Ele tem consciência de que é mortal. Ele sabe que é finito. Ele sabe que há incógnitas das quais jamais saberá as respostas.

Talvez o homem possa ser feliz, ter um vislumbre, por menor que seja, da felicidade quando ele entender que a obrigação de ser feliz é uma utopia. Quando ele perceber que o prazer tem limites; o desejo realizado pode se tornar tédio, se constante for; que a razão por si só não basta às nossas perguntas; que o sofrimento sempre responde à chamada e que a angústia da finitude é a marca da humanidade.

Assim, e não há garantias, ele poderá ver um mínimo de felicidade.

Anna del Pueblo
Enviado por Anna del Pueblo em 20/09/2014
Reeditado em 26/09/2014
Código do texto: T4969653
Classificação de conteúdo: seguro