PASSAGEM DO TEMPO
crônica de valdez juval
Passava da meia noite.
Comecei minha caminhada para casa depois de meu trabalho na locução da Rádio Tabajara.
Estava acostumado com o percurso.
Sozinho, ruas insípidas, pouco iluminadas, esburacadas, com passos lentos, cabeça sempre baixa, cruzava com poucos transeuntes que também estavam preocupados com o seu destino.
Procurava cantarolar para me distrair mas era desentoado e desafinado. Também não sabia assobiar. Seria pior ainda. Às vezes contava os postes ou quantos companheiros da madrugada passariam por mim.
O jeito era dar espaço para fantasias, imaginando qualquer coisa, fazendo o tempo e a distância passarem. Sempre sussurrava as minhas orações da noite, pensando em ao chegar em casa, me jogar na cama.
Ao colocar a chave na porta, a luz da sala acende.
_Ainda acordada, minha mãe!
_Estava sem sono e vi que era hora de você chegar. Aproveitei para amornar o seu leite.
_Toda noite acontece a mesma insônia, não é minha mãe? Um beijo. Sua bênção.
Do quarto, a voz de meu pai: _ Deus lhe proteja, meu filho. Parabéns. Boa noite.
O relógio, na parede, tocava uma badalada. Era um domingo de Janeiro do ano de 1948.
Estava completando 16 anos.
crônica de valdez juval
Passava da meia noite.
Comecei minha caminhada para casa depois de meu trabalho na locução da Rádio Tabajara.
Estava acostumado com o percurso.
Sozinho, ruas insípidas, pouco iluminadas, esburacadas, com passos lentos, cabeça sempre baixa, cruzava com poucos transeuntes que também estavam preocupados com o seu destino.
Procurava cantarolar para me distrair mas era desentoado e desafinado. Também não sabia assobiar. Seria pior ainda. Às vezes contava os postes ou quantos companheiros da madrugada passariam por mim.
O jeito era dar espaço para fantasias, imaginando qualquer coisa, fazendo o tempo e a distância passarem. Sempre sussurrava as minhas orações da noite, pensando em ao chegar em casa, me jogar na cama.
Ao colocar a chave na porta, a luz da sala acende.
_Ainda acordada, minha mãe!
_Estava sem sono e vi que era hora de você chegar. Aproveitei para amornar o seu leite.
_Toda noite acontece a mesma insônia, não é minha mãe? Um beijo. Sua bênção.
Do quarto, a voz de meu pai: _ Deus lhe proteja, meu filho. Parabéns. Boa noite.
O relógio, na parede, tocava uma badalada. Era um domingo de Janeiro do ano de 1948.
Estava completando 16 anos.