crônica de
Valdez Juval


UM PRINCÍPIO,
UM MEIO,
SEM FIM


Você sorriu para mim e eu lhe acompanhei.
Foi tudo muito de repente. Não sei como isso pode acontecer.
Não lhe conhecia, não sabia seu nome, nada.
Mas fui lhe seguindo.
Chegamos ao seu apartamento e você me puxou, fazendo entrar.
Relutei um pouco. A insistência foi convincente e lá estávamos, os dois, sozinhos, como se já nos conhecêssemos à muito tempo!
Deixando-me de lado, falou para me servir do bar e foi ao quarto para voltar depois, de camisola, sob um robe de voile transparente e um papelote na mão.
Dirigiu-se ao aparador, despejando um pó em cima de uma placa de vidro e com um canudo me convidou a cheirar.
Recusei. Recusei e tentei impedir que você aspirasse a droga.
Apelo infrutífero.
Deduzi então que o seu estado não era normal e por isso me levara ali.
Ameacei ir embora e por fim disse que comunicaria o fato ao Posto de Saúde, pois não compactuaria com a sua atitude.
Quando ia me retirar, senti que você entrava em fase de convulsão.
Overdose?
A situação se complicava e de imediato parti para socorrê-la.
Nem sabia como começar!
Fiz boca–a-boca, pressão sobre o coração e nada estava resolvendo.
Apelei então para o socorro médico que veio rápido.
Ofereci meus préstimos, me identifiquei, relatei o ocorrido e forneci todos os dados necessários para minha localização, caso necessitassem.
Não a acompanhei. Meu grande pecado. Penso.
Fiquei amargurando um remorso que mesmo sem culpa, me tem dado um sentimento de tristeza.
Pelas pistas que pude conseguir, alguns anos passados, você deveria estar internada em uma clinica bem longe daqui.
O tempo se vai e por mais que lhe procure, não sei onde está você.
valdezjuval
Enviado por valdezjuval em 20/09/2014
Reeditado em 09/06/2020
Código do texto: T4968874
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