O BAILARINO
O BAILARINO
Os amigos conversavam à mesa de um bar.
- O meu filho é muito macho. Vai ser um grande médico. – disse Paulo.
- Fico contente em vê-lo assim, Paulo. – respondeu Valdir. Mas diga-me uma coisa: é isso que ele quer?
- Não sei, mas isso não tem importância, Valdir.
- Se ele não gosta da profissão, não dá certo.
- Ele aprende a gostar.
Paulo desconversou.
- E o seu filho vai estudar para o quê?
- Ele vai seguir o que gosta.
- Médico, engenheiro, advogado...
- O sonho dele é ser bailarino, dança no Teatro Municipal com pessoas famosas.
-O quê? Bailarino? Aqueles que usam roupas agarradas, sapatilhas e dançam na ponta do pé? Tá de brincadeira.
- Não, é serio.
- Tá bom! Bailarino! Tô indo embora, pois já está ficando tarde. Até mais.
Foi logo para casa contar a novidade para a mulher.
- Você não sabe da novidade. O filho do Valdir tem um filho que vai ser bailarino. Pode isso?
- E porque não? – respondeu a mulher. É uma profissão maravilhosa, tanto para o homem como para a mulher.
- Você pensa assim porque não é com nosso filho. Jamais eu aceitaria.
- Você é um machista. Tem nomes famosos nessa arte de dançar, que não deixaram de ser homens por isso.
- Já escutei demais por hoje. Vou tomar um banho. E o Fernando já chegou?
- Foi à aula de inglês. Vai chegar mais tarde.
Não viu o filho à noite, estava muito cansado, jantou e foi dormir.
Na manhã seguinte, no café ele perguntou pelo filho.
- Ele foi mais cedo para a escola hoje, pois falou que tinha de resolver algo importante para a sua vida.
- Eu acho que ele está no caminho certo. Vou conversar com ele à noite.
À noite, no jantar Paulo esperava pela conversa com o filho.
- Já que ele vai descer e ele falará o que resolveu.
E ele desceu todo animado, sorriso aberto.
- E daí filho? O que tem para nos dizer?
- Pai, eu descobri o meu sonho, minha profissão, o que eu vou ser.
- Engenheiro, médico, advogado...
- Eu quero ser é bailarino!