Bicho estranho
Boa tarde meus caros 23 fiéis leitores e demais 36 que de vez em quando passam por aqui para dar uma olhada no que este Bacamarte escreve. Estoy aqui, no Baca local, no Baca dia, na Baca hora: Recanto, sexta-feira, 17h19min! Não é sempre que consigo ser exato, mas hoje foi dia.
Já pararam só para reparar nos outros bichos na rua, não é mesmo? Claro que já, obviamente. Mas como tudo que nos rodeia, achamos natural vê-los como são, em suas interações animais, tão diferentes da nossa.
Mas se tentássemos desnaturalizar o jeito deles? Bom, seria difícil né, pois eles andam por aí no estado natural. A não ser os bichos domésticos, os quais a gente humaniza, colocando roupinha, fazendo cabelo, essas coisas.
E se invertêssemos o processo, desnaturalizando-nos? Se estranhássemos a nós mesmos, partindo de um possível ponto de vista dos outros bichos, que andam por aí em estado natural? Buenas, o máximo que conseguimos de estado natural são os peladões nas praias de nudismo. Entretanto, é só nisso, o andar pelado.
Os outros animais também andam pelados, entretanto eles são mais radicais em seu naturalismo. Ou você já viu um cachorro pedir licença para levantar a patinha e urinar num poste? Ou para fazer um cocô sem constrangimentos na rua? Ou para consumar um sexo em pleno passeio público?
Claro que não né! Nós, pelo contrário, somente em casos extremos, andamos nus em poucos locais onde isso é permitido. Mas bem capaz que você vai ver um ser humano nhannhando na beira mar, enquanto os outros tomam banho despreocupados. Ou defecando na terra e depois tapando sua obra, como se fosse um gatinho caprichoso. Bem capaz né, nosso radicalismo natureba nunca chegou a tanto.
Por isso percebam que, desnaturalizando nossos hábitos tão pouco naturais em relações aos outros bichos, acabaremos estranhando o nosso jeito de ser. E, como fôssemos os outros mamíferos desse planeta, nos acharíamos um bicho muito estranho.
Um bicho que anda sempre tapando o corpo com tecidos, que come utilizando umas coisas esquisitas, que assa as suas presas antes de comer, que despedaça suas presas antes de assá-las ou de cozinhá-las dentro de uns recipientes de metal colocados em cima de um objeto com bocas de fogo, que aparentemente não transa nunca (eis que só consuma o coito às escondidas), que não faz cocô. Xixi até faz, pois o bicho homem, nas grandes cidades, descobriu, tal qual os cachorros, a utilidade dos postes e das paredes das ruas menos movimentadas, durante os períodos de festa.
Um bicho que pouco anda e que geralmente se locomove sobre várias coisas esquisitas, de inúmeras formas, e que tem rodas, sejam elas duas, quatro, seis, oito. Um dos bichos mais falantes do planta! Cruzes, como fala o tempo todo esse bicho!
Um bicho bem esquisito, né?
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Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.
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(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né. Em 2014 talvez eu dê um jeito nisso... Mas acho que continuarei seguindo o conselho que a Giustina deu num comentário em 23 de outubro de 2013.)