A Terra da Gente
Por Carlos Sena
Por Carlos Sena
Disse o poeta Mario Quintana: "Na terra da gente até a dor dói menos". E eu acrescento: na terra da gente qualquer alegria se torna uma grande alegria. Porque a lógica uterina parece se repetir quando se trata da nossa terra, do nosso chão. Isso a gente consegue sentir mesmo distante quando algum fato nos remete ao passado, como por exemplo, o cheiro de terra molhada. Principalmente porque nos transporta para a infância onde a gente saia pra chuva pela chuva. Muitas vezes vinham com a chuva as tanajuras, ou apenas as juras da naturaza nos anunciando um bom inverno tenazmente.
Na terra da gente a gente taz festa por nada. Encontra um amigo e haja bate papo e haja encontrs de ontens e hojes como se o tempo parasse ali, em nossa frente. Na frente do tempo, tempestades também se nos poderão invadir a alma. Mas, será nessa hora que a dor irá doer de menos. A dor quando nos invade em nossa terra é circunstancial do existrir. Quando ela acontece fora dela é ocasional... Asssim, sendo "a ocasião quem faz o ladrão", fora da nossa terra a gente fica vulnerável e inseguro diante da dor. Na terra da gente não, pois lá é a dor quem nos sente. Sofrendo por nós nos consente aos unguentos: o colo da familia. As preces dos amigos. Os sinos da capela nos chamando pra rezar. Até o coaxar dos sapos, o reluzir dos pirilampos, o canto solitário das cigarras na copa da mata, nos servem se relaxante para a alma dolorida.
Na terra da gente a gente tem que SER com ela. Ela pode ser de qualquer tamanho, porque o tamanho verdadeiro dela é o tamanho da nossa aura.