PILOTANDO UMA MONARETA EM AMERICANA
PILOTANDO UMA MONARETA EM AMERICANA
Muitos da nossa equipe de natação estudavam no extinto colégio José Bonifácio, onde hoje é a reitoria da Universidade Santa Cecília, a Unisanta. Eu estudava no Colégio Canadá. Os representantes do José Bonifácio agendaram uma competição em Americana, um campeonato entre colégios. Naquela época, os atletas visitantes eram alojados nas casas dos atletas da cidade visitada e cada família alojava o número de atletas que podia. Como a equipe do José Bonifácio não tinha nadador de costas, me convidaram a participar da competição. Fiquei em casa de uma família acolhedora e muito formal. Logo de cara notei que iria ter que mostrar um comportamento exemplar, sem descontração. O filho nadava no colégio da cidade e era bem mais novo que eu. As refeições eram servidas na hora certa, com um esquema patriarcal, o pai comandava as ações e os pratos só eram servidos após sua ordem. Chegamos em uma sexta-feira à noite, fomos gentilmente recebidos pelos familiares dos nadadores locais e cada um foi para a residência onde seria alojado. Manhã seguinte, treino para conhecer o local da competição. Almoço e retorno à piscina para a primeira parte da competição. Assim que cheguei ao clube onde haveria a competição, notei que havia esquecido minha sunga na casa onde estava hospedado. De pronto o rapaz dono da casa me emprestou sua Monareta para apanhar a roupa. Monareta era um modelo de bicicleta motorizada fabricada pela Monark (daí o nome). Achei a idéia ótima embora nunca tivesse pilotado uma Monareta. Convidei o Vladi para ir na garupa. Montamos naquela “máquina” e partimos em direção à casa. O clube onde seria a competição ficava em uma descida e, próximo, havia uma avenida de duas pistas transversal à rua. Na sequência, uma longa subida e no final desta, a casa. Na ida foi tudo bem, aquele pequeno veículo com dois marmanjos em cima subiu parecendo que o motor ia explodir, mas chegamos à casa. Peguei minha sunga, montei na Monareta, Vladi na garupa, e iniciamos o retorno. O que era subida na vinda evidentemente era uma longa descida na volta. Desci acelerando, o que acentuava mais ainda o efeito da ladeira. Fomos nos aproximando da grande avenida, o Vladi dizendo para frear. Eu dirigia bem aquele troço, só não sabia uma coisa: como fazer aquilo parar. Só via carro prá cá e carro prá lá e a gente se aproximando da avenida. Após várias tentativas para descobrir como frear a Monareta, me convenci que não iria conseguir parar. Gritei um “- Segura Vladi!” e, como Deus protege os malucos, atravessei a avenida sem bater em nada. No embalo subimos até o clube e botei o pé no chão e paramos meio que caindo. Estacionei a Monareta, entreguei a chave para o rapaz, como se não houvesse acontecido nada. Estava convencido de uma coisa: Monareta nunca mais.