PEQUENAS GRANDES INVENÇÕES

PEQUENAS GRANDES INVENÇÕES

A maior invenção humana, sem dúvidas, é a roda. Com ela o homem conseguiu se locomover dando inicio ao progresso. Mas quero falar sobre coisas pequenas, às vezes insignificantes, aquele objeto que não levamos muito em conta, mas que são fundamentais. É que agora a pouco tentei mudar o canal da televisão, mas não encontrei o controle remoto. Fui tentar mudar manualmente e tudo que consegui foi desligar o aparelho. Que invenção maravilhosa é o controle remoto – penso – enquanto remexo os escombros à sua procura.

Outra invenção genial surge na minha mente: o saca-rolha. Quem terá tido ideia tão fantástica? Recordo o dia frio que senti vontade de beber vinho. Eu sabia que nos fundos da geladeira, naquele canto que a gente perde o pudim, havia uma garrafa que comprei no Paraguai. Vinho chileno garantia a estampa. Só de olhar pra garrafa, degustei em pensamento dois goles. Daí a surpresa: a garrafa tinha rolhas. E o pior: Eu não achava o saca-rolha. Já era hora avançada, a preguiça tomava conta até dos meus poucos cabelos, resolvi tentar alguma forma de abrir a garrafa com outro material que não fosse o saca-rolha. Tentei tudo: garfo, faca, cortador de unha, mas tudo que consegui foi forçar a rolha para dentro do gargalo e não saía um mísero gole. Num momento insano, tentei tirar a rolha a mordidas, mas o único resultado foi uma leve dor no dente. Chacoalhei a garrafa tentando formar pressão suficiente para arrancar a maldita tampa. Em vão, várias borbulhas pareciam rir de mim. Se eu tivesse uma arma, daria um tiro certeiro. Alisei um martelo, mirei o gargalo. Num átimo de bom senso, desisti daquela idéia, mas surgiu outra: Pensei em bater com a garrafa na pia, quebraria a ponta, mas talvez salvasse a metade do vinho. Controlei-me. Não sou alcoólatra, bebo pouco e nem gosto tanto de vinhos. Mas nessa altura do campeonato, já era questão de honra. Sem alternativa, fui ao supermercado comprar o saca-rolha. Ainda bem que em Campo Grande nos dias atuais, alguns supermercados ficam abertos até altas horas da noite.

Escolhi o mais caro e bonito, pra não errar. Voltei numa ansiedade difícil de descrever, creio que meus olhos brilhavam no desejo latejante de chegar logo e apontar o saca-rolha para a garrafa de vinho. Apreciei cada detalhe: apertei suavemente o gargalo, no pensamento o gosto da vingança, olhos fixos na garrafa: “agora você vai ver”, e retirei a rolha num suspiro de triunfo. O vinho nem era tão bom, gostoso mesmo foi arrancar a maldita tampa. Existem outras pequenas invenções que admiro, como por exemplo, o guarda-chuva, a paçoca de amendoim, o pastel de palmito. Agora mesmo, nesse exato instante, movo para os lados o mouse do computador. O que seria de mim sem o mouse? E tem ainda o telefone, o relógio, o disco de vinil. E agora achei o controle remoto da TV, mas as pilhas estão fracas. Não é absurdamente fantástico o cara que inventou a pilha?