O sonho

Acordado pelos choro dos filhos, Diógenes, vestido apenas com um pedaço de couro de animal cobrindo a parte de baixo, uma barba extensa e uma lança ao lado de seu corpo, percebe o sorriso triste e sem jeito de sua parceira, Maya, ao olhar para as crianças com fome. Estavam no meio do mato, e havia mais de uma semana que não encontravam comida, o medo de perecer, ali, no meio do nada era iminente. Decidiu ir em busca, mais uma vez, do alimento. Andando entre as trilhas, que já conhecia há bastante tempo, por riachos e becos entre os paredões, percebeu um mamífero, pensou que, talvez abatendo aquela criatura, teria suprimento por mais alguns dias. Algo desviou sua atenção, escutou um barulho, um leve, mais perceptível movimento fez com que algumas folhas se movessem em meio ao matagal, não demora muito até perceber que era outro caçador. Não o conhecia, também não tinha nem ideia de que aquele outro passava pelas mesmas condições que ele. O que fazer depois de abater o mamífero?

...

Tudo ficou escuro, e sentiu uma forte dor de cabeça causada pelo barulho ensurdecedor do despertador. Era 7h, sabia que estava atrasado, e muito! Deveria ter acordado mais cedo, arrependeu-se de ter ficado estudando coisas do trabalho até tarde da noite. Tomou café, às pressas, tentando conseguir chegar, pelo menos, antes do chefe. Havia uma vaga para supervisor, muitos estavam concorrendo, não podia perder, depois de tantos anos à espera. Lembrou-se do sonho, um suspiro – Ufa! Que bom que só foi um sonho!