Devaneio
A batalha se diz concluída, o caos de um passado de lástimas se traduz num presente atribuído ao enaltecer de uma solução completa, repentina e definitiva. O que se trás são virtudes que para se validarem se abafaram em seus delírios e se emanciparam no calar de alguns anseios.
Nesta frenética liberdade, somos o que queremos ser, ora escravos de situações involuntárias, ora senhores de nosso próprio mundo quando a casualidade das ações nos trazem boas novas, a dispersão de nossas cegas razões.
Hoje sim podemos dizer que a vitória de um holocausto fúnebre só é possível com o consentimento. Pra que atar as mãos e viver num sonho. O real é muito mais sedutor, é a cama dos conquistadores, a visão de videntes inescrupulosos, o exaustivo prazer consumado.
Na vida destes e daqueles, do nós e do real de nós, a bula de um reencontro pessoal, é retomar o valor íntimo, a sedução, o entrelaçar de desejos, o amor na medida certa, e o ódio vingando do desdenhar estúpido. Como querer o bem se o mal é muito mais promissor, como se dedicar ao total se o caminho mais curto é o que insistimos em seguir. Quanta crença temos na vontade. Quanta esperança nos consome os poucos dias de um encontro casual.
O que se quer fazer é escancarar a resposta, livramos as vestes da imunda insegurança e subimos ao topo das vaidades supremas, o nosso bem querer, o nosso sou algo é realmente gratificante, inabalado e sincero, o narcisismo de alma, o amor correto, que não fala e não se expressa, amizade que nasce e não dura pra sempre.
Quanta loucura não? Os braços dados numa dança sem pares é o real pretexto de uma emancipação social. Sentimento é o que nos torna fracos. Vivemos numa teia onde esperamos ser devorados pela aranha de nossa insegurança. Caso se escape de seu trajeto, alguma coisa de nós é arrancada, seriam braços, pernas ou partes que nem mesmo enxergamos? Pois é, o que se enxerga hoje é o mínimo que precisamos pra viver, é a menor parcela de nossos desejos, porém seguimos e nos amamos em nossos próprios devaneios.