Tormenta
Partiu sem selar a porta, envergonhou meu nome. Corrompida pelo sofrimento, repudiada por amantes, lançou-se ao fogo com vestes imortais, tornando-se lenda. Fenômeno imprevisível cruzou destinos opostos, aliança que se quebrou deixando vestígios. O vento os trouxe para o círculo eterno, fonte de letras incessantes, palavras que se repetem como canções gravadas. Alma sagrada e sem mérito, adorada secretamente por um lobo solitário na escuridão da noite. Presença que revela a verdade jamais pronunciada, desarma meus punhos agressivamente. Lua manchada de sangue, banhada por mares de lamentações, instiga ser tocada pelas pontas dos meus dedos trêmulos. Em meu caminho não te desejo, mas almejo pela sua reencarnação, meu prazer está na dor que causa, na frenesi que injetou em mim e na raridade dos teus olhos. Protejo seu coração em silêncio mórbido, suportando os pregos árduos que atravessam minha pele, tormenta incurável, acompanha meus passos fielmente, até tua visita em meus sonhos.