Terror Noturno

Ela levanta-se desesperada a procura do interruptor, mal sabia que seriam horas intermináveis de agonia. Dentro do seu terror tenta organizar suas ideias, procura saber onde está, tenta se acalmar... Lembra que isso já ocorrera outras vezes e no final alguém sempre aparece e acende a luz, sente-se terrivelmente envergonhada e volta a dormir momentos depois... Alguém há de aparecer, pensa tentando buscar uma lucidez que está longe de existir. Num escuro total, busca por qualquer coisa que brilhe para que possa enfim se localizar, mas nada vê além de um breu desesperador que parece não ter fim, apalpa o que parece ser uma parede... Nessa confusão de ideias, tenta lembrar-se se está em seu quarto ou se dormira fora, nada parece familiar, pensa estar vivendo um terrível pesadelo, mas parece bem acordada... Ela transpira, sente seu corpo ferver, afasta os cabelos que grudaram no rosto, sente cheiro de sangue em suas mãos, seus dedos feridos esfregando nas paredes, sente-se trêmula e quase sem forças o pânico se apodera do momento e não existe mais inteligência capaz de formar qualquer raciocínio plausível, agora é só terror... Bate em alguma coisa, se vira, bate em outra, não encontra a luz... Grita por socorro, ninguém aparece, ao longe um zum zum zum, grita então mais alto, então ouve as primeiras rajadas, como torrões, em seguida ouve outra, sem entender pede novamente por socorro, não sente mais seu corpo... Pensa em Deus, sussurra baixinho: - Deus, por favor, me ajude, me tire daqui. Outra rajada... Sente cheiro de terra, os zumbidos aos poucos diminuem, mas ouve soluços abafados. – Por favor, alguém. Por favor... Acendam a luz, já não posso respirar.

E do lado de fora o último adeus, jaz a última pá de terra.

Elisa Troni

Elisa Troni
Enviado por Elisa Troni em 15/09/2014
Reeditado em 15/09/2014
Código do texto: T4962470
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