Mar de faces

Face contra face e o que fazes?

O que fazes com tua face?

Face a face, milhares e milhares.

Milhares defronte milhares.

E o que fazes?

Questiona-se?

E o que adianta?

Esconde-se? Não! Não!

Tapa na face. Tapa na face.

Transtornado, confuso, entre quatro paredes, folhas espalhadas, cama desarrumada, meias, calça, camisa no chão, perdido na multidão de faces, afogando nas minhas próprias faces, cada uma com uma idéia, querendo um caminho, estão presas ao meu corpo, e ficam se denegrindo, me confundindo, todas prepotentes, sabem o que querem, mas não se entendem. Abro a porta na esperança morta de que fujam. Fujam! Fujam!

Esperança morta, fria e pálida.

Fugi, corri sem sair do lugar, fecho como escorpião, não adianta, nada adianta, todas as faces me alcançam, sonhos conturbados, tapas na cara, nas faces, olheira, durmo pra descansar, acordo pra descansar. Cansado de tentar dormir, de acordar, de tentar tentar, apesar de tudo que eu faço pra acabar com essa agonia, tenho um prefácio, isso dura pra toda a vida.

Enzo Pinho
Enviado por Enzo Pinho em 22/05/2007
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