De pastor a pintor
Atravessei os campos da Toscana lembrando-me de Giotto. Ele nasceu em Vespignano, um vilarejo perto da bela Florença. Parte do seu tempo de criança ele gastou pastoreando suas ovelhas. E, nas horas vagas, desenhando-as numa "rocha lisa".
No seu caminho, apareceu um cidadão chamado Giovanni Cimabue. Ao vê-lo desenhando suas ovelhinhas, Cimabue convidou-o para trabalhar no seu estúdio, instalado na capital florentina. Giotto di Bondone aceitou o convite, e foi ser aluno do maior pintor da Itália, no fim do século XIII.
Os pesquisadores garantem, que é de Giovanni Cimabue o retrato de São Francisco que mais se parece com o santo de Assis. Coincidiria com o retrato descrito por frei Tomás de Celano, em Vita Prima, a primeira biografia do Poverello.
Aluno aplicado e talentoso, Giotto, em pouco tempo, tornou-se um dos maiores pintores da Itália. Destacou-se tanto na sua arte, que mereceu de Dante um rasgado elogio. Na Divina Comédia, ele aparece, no Purgatório, como o discípulo que superou o mestre. Giotto retribuiu a gentileza, pintando o rosto de Alighieri.
Temas religiosos dominam, praticamente, a maravilhosa obra de Giotto. Segundo a crítica, a principal característica da sua pintura "é a identificação da figura dos santos como seres humanos de aparência bem comum", rompendo, de forma ousada, com o estilo rígido, sisudo, da pintura bizantina.
Com a figura dos santos "que pareciam existir", refletindo, inclusive, "emoções humanas reconhecíveis", Giotto quis oferecer à nascente burguesia descrente do século XIII, "uma visão humanista do mundo".
Creio, que Giotto atingiu o ápice de sua carreira quando contou, através de maravilhosos afrescos, a vida de São Francisco, espalhando-os pelas paredes da Basilica Superior, na cidade de Assis.
Esses afrescos - que dizem não foram pitandos por Giotto, mas por seus discípulos -teriam sido inspirados na Legenda Maior, a biografia de Francisco escrita por São Boaventura, contemporâneo do Fratello.
A biografia do Pobrezinho de Assis escrita por São Boaventura não é uma biografia a mais.
Pela sua importância e originalidade, ela foi aprovada pelo Capítulo da Ordem Franciscana, realizado trinta e sete anos depois da morte do santo do Milênio.
Esse detalhe, com certeza, dá indiscutível autenticidade aos afrescos de Giotto.
Percorrendo, de ônibus, os campos da Toscana, recordava-me do que lera sobre Giotto, dias antes de chegar na Itália. Alguns dados me surpreenderam. Exemplos: pouco se sabe sobre a sua infância; seu nome é, para uns, Angioloto, e, para outros, Ambrogiotto Bondone.
Quanto ao ano do seu nascimento, pairam dúvidas: 1266? 1267? Sabe-se, entretanto, que ele foi casado com Ciuta Du Lapo Del Pela, e que com ela, teve oito filhos. Giotto morreu em Florença no dia 8 de janeiro de 1337.
Um crânio e pedaços de ossos encontrados no subsolo da catedral florentina foram admitidos como sendo seus restos mortais! Juntaram tudo, e deram-lhe, como sepultura, um pedaço de chão, na exuberante igreja de Santa Maria del Fiore, onde estive demoradamente.
Além dos afrescos franciscanos, outro quadro de Giotto impressionou-me vivamente: o Juizo Final. Eu o vi, e assim o descrevo: Jesus cercado por apóstolos, anjos, santos e homens "eleitos por suas boas ações". Entre os homens bons, Giotto botou o seu retrato.
Ele bem que podia ter optado em aparecer ao lado dos anjos. Afinal, Giotto é o diminutivo de Ângelo, que na sonorosa língua italiana significa anjo.
Atravessei os campos da Toscana lembrando-me de Giotto. Ele nasceu em Vespignano, um vilarejo perto da bela Florença. Parte do seu tempo de criança ele gastou pastoreando suas ovelhas. E, nas horas vagas, desenhando-as numa "rocha lisa".
No seu caminho, apareceu um cidadão chamado Giovanni Cimabue. Ao vê-lo desenhando suas ovelhinhas, Cimabue convidou-o para trabalhar no seu estúdio, instalado na capital florentina. Giotto di Bondone aceitou o convite, e foi ser aluno do maior pintor da Itália, no fim do século XIII.
Os pesquisadores garantem, que é de Giovanni Cimabue o retrato de São Francisco que mais se parece com o santo de Assis. Coincidiria com o retrato descrito por frei Tomás de Celano, em Vita Prima, a primeira biografia do Poverello.
Aluno aplicado e talentoso, Giotto, em pouco tempo, tornou-se um dos maiores pintores da Itália. Destacou-se tanto na sua arte, que mereceu de Dante um rasgado elogio. Na Divina Comédia, ele aparece, no Purgatório, como o discípulo que superou o mestre. Giotto retribuiu a gentileza, pintando o rosto de Alighieri.
Temas religiosos dominam, praticamente, a maravilhosa obra de Giotto. Segundo a crítica, a principal característica da sua pintura "é a identificação da figura dos santos como seres humanos de aparência bem comum", rompendo, de forma ousada, com o estilo rígido, sisudo, da pintura bizantina.
Com a figura dos santos "que pareciam existir", refletindo, inclusive, "emoções humanas reconhecíveis", Giotto quis oferecer à nascente burguesia descrente do século XIII, "uma visão humanista do mundo".
Creio, que Giotto atingiu o ápice de sua carreira quando contou, através de maravilhosos afrescos, a vida de São Francisco, espalhando-os pelas paredes da Basilica Superior, na cidade de Assis.
Esses afrescos - que dizem não foram pitandos por Giotto, mas por seus discípulos -teriam sido inspirados na Legenda Maior, a biografia de Francisco escrita por São Boaventura, contemporâneo do Fratello.
A biografia do Pobrezinho de Assis escrita por São Boaventura não é uma biografia a mais.
Pela sua importância e originalidade, ela foi aprovada pelo Capítulo da Ordem Franciscana, realizado trinta e sete anos depois da morte do santo do Milênio.
Esse detalhe, com certeza, dá indiscutível autenticidade aos afrescos de Giotto.
Percorrendo, de ônibus, os campos da Toscana, recordava-me do que lera sobre Giotto, dias antes de chegar na Itália. Alguns dados me surpreenderam. Exemplos: pouco se sabe sobre a sua infância; seu nome é, para uns, Angioloto, e, para outros, Ambrogiotto Bondone.
Quanto ao ano do seu nascimento, pairam dúvidas: 1266? 1267? Sabe-se, entretanto, que ele foi casado com Ciuta Du Lapo Del Pela, e que com ela, teve oito filhos. Giotto morreu em Florença no dia 8 de janeiro de 1337.
Um crânio e pedaços de ossos encontrados no subsolo da catedral florentina foram admitidos como sendo seus restos mortais! Juntaram tudo, e deram-lhe, como sepultura, um pedaço de chão, na exuberante igreja de Santa Maria del Fiore, onde estive demoradamente.
Além dos afrescos franciscanos, outro quadro de Giotto impressionou-me vivamente: o Juizo Final. Eu o vi, e assim o descrevo: Jesus cercado por apóstolos, anjos, santos e homens "eleitos por suas boas ações". Entre os homens bons, Giotto botou o seu retrato.
Ele bem que podia ter optado em aparecer ao lado dos anjos. Afinal, Giotto é o diminutivo de Ângelo, que na sonorosa língua italiana significa anjo.