A PRAIA DO MEU LABORATÓRIO
Gente, aqui é Josualdo, eterno namorado da Dona Menô. Já que ela entra nos sites da Doctor Leila, por que não eu?... Venho aqui pra fazer uma reclamação e pedir ajuda a vocês.
A doutora Leila sempre está ocupada, cuidando das pessoas, mas depois que Menô venceu a claustrofobia, agora dispensa suas horas em curso de mergulho, não mais aos meus. Ela mergulha até em poça de chuva.
Por conta disto acabamos numa praia muito estranha. A paisagem é linda, mas tudo lá é estranho. Nós, inclusive, voltamos estranhos. Eu, que sou quase preto, de um dia para o outro fiquei louro. Menô dá choque nos outros e sente choque quando toca em metais ou em quinas. Até o celular passa corrente elétrica e ela desliga computador só em passar em frente ao modem. Menô diz que é apenas energia estática, coisa normal das pessoas. Eu nunca vi alguém dar susto nos outros num simples apertar de mãos!
Uma paciente da doc ligou pra nossa casa e eu comentei sobre o passeio. Ela conhece o lugar há décadas. Comentou que Michael Jackson já tinha passado uma temporada lá, antes de perder o nariz. Eu não tenho muito mais a perder, mas fiquei preocupado de perder alguma ponta do meu corpo.
Pelo menos aprendi a boiar. Na verdade, nesta praia é difícil afundar. De acordo com Menô e suas adeptas, é por causa da densidade de nossos corpos em relação à densidade da água, assim como cocô, que não afunda. Eu até agora não sei se isto é um benefício ou não...
Menô foi mergulhar e me deixou sozinho naquele paraíso. Resolvi andar pelas redondezas e de repente encontrei uma placa dizendo:
“Esta espuma é um fenômeno natural e não contém nenhum produto químico ou radioativo de origem industrial.
Análises feitas pelo Instituto Estadual do Ambiente (NEA e pela Eletronuclear) comprovam que a espuma é formada basicamente por grande quantidade de matéria orgânica, não apresentando risco ao meio ambiente e à população.
Este fenômeno já aconteceu em outras ocasiões, mas neste ano está ocorrendo com maior intensidade devido às condições oceanográficas e meteorológicas (Eletrobrás – Eletronuclear)".
Po, condições climáticas, ciclones em terras antes calmas, tsunamis, buracos na camada de ozônio, raios UVA, UVB, UVC (e todo o alfabeto de coisas ruins) acontecem na natureza, mas foram causadas pela destruição humana. Como é que aquela espuminha pode ser natural se naquela praia nem as pedras são naturais?
Ainda bem que eu fiquei longe daquilo, onde a temperatura chega a 60 graus centígrados. Eu só consegui ficar na beirinha, onde a temperatura da água é de 30 graus. Foi um verdadeiro banho de assento pra minha próstata.
Naquele lugar eu vi um pescador saindo com muita raiva porque não fisgou nenhum peixe. Até achei bom ele ter ido embora, pois estava com molinete ao lado de muitas crianças. Ele podia pescar o beiço de uma delas na içada do anzol. Eu quase dei porrada nele.
Naquele mar, uma enseada maravilhosa, com salinidade maior do que o normal, com concentração anormal de elementos, com seixos no fundo que pareciam pedra de brita, só vi tartarugas. Elas são migratórias. Elas não procriam ali, apenas estão de passagem. Quando sentem que o calor é desconfortável, saem para metros adiante, em mar aberto, onde a temperatura é menos quente.
Algumas horas depois Menô surgiu das águas com uma prenda de uma Iemanjá dos tempos modernos, uma pedra de uns trinta quilos, como se brincasse com uma bolinha de ping-pong. Ela quis afundar e se agarrou num pedregulho do fundo, mas este veio com ela. Ela perguntou se podíamos levar aquele treco de souvenir, já que no fundo não havia crustáceos, peixes ou plantas. Sugeri ela lavar o tanque de roupas que nos esperava lá em casa.
Eu estive num reduto que um dia foi natural, mas, infelizmente foi escolhido para ficar perto de uma usina nuclear e para servi-la. Por isto virou a Praia do Laboratório, em Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro.
Lendo por aí, vi que uma Usina Nuclear é melhor do que gastarmos nossas fontes de água pra produzirmos energia elétrica etc e tal. Também é através de usinas nucleares que a medicina salva vidas. Acontece que reatores que chegam a 1500 graus centígrados e precisam ser resfriados. A Eletronuclear, como acontece em todos os outros países, chupa a água do mar pra se refrescar e devolve um ofurô aos habitantes da área, tentando ofender ao mínimo o meio ambiente.
Já que depois de mergulhar naquelas águas eu virei quase um nórdico, tentei justificar pra Menô que a minha impotência pode ter acontecido por causa da irradiação dos infernos, mas ela foi logo dizendo:
“Paumolescência é fator orgânico ou psicológico. Vá se tratar ou coloque uma prótese - de preferência bem radioatiova!”.
Companheiros, o que acham? Ajudem-me!
Texto por Leila Marinho Lage
Setembro de 2014
http://www.clubedadonameno.com
http://www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/nuclear/nuclear.htm
http://www.infoescola.com/fisica/principios-da-usina-nuclear/
Gente, aqui é Josualdo, eterno namorado da Dona Menô. Já que ela entra nos sites da Doctor Leila, por que não eu?... Venho aqui pra fazer uma reclamação e pedir ajuda a vocês.
A doutora Leila sempre está ocupada, cuidando das pessoas, mas depois que Menô venceu a claustrofobia, agora dispensa suas horas em curso de mergulho, não mais aos meus. Ela mergulha até em poça de chuva.
Por conta disto acabamos numa praia muito estranha. A paisagem é linda, mas tudo lá é estranho. Nós, inclusive, voltamos estranhos. Eu, que sou quase preto, de um dia para o outro fiquei louro. Menô dá choque nos outros e sente choque quando toca em metais ou em quinas. Até o celular passa corrente elétrica e ela desliga computador só em passar em frente ao modem. Menô diz que é apenas energia estática, coisa normal das pessoas. Eu nunca vi alguém dar susto nos outros num simples apertar de mãos!
Uma paciente da doc ligou pra nossa casa e eu comentei sobre o passeio. Ela conhece o lugar há décadas. Comentou que Michael Jackson já tinha passado uma temporada lá, antes de perder o nariz. Eu não tenho muito mais a perder, mas fiquei preocupado de perder alguma ponta do meu corpo.
Pelo menos aprendi a boiar. Na verdade, nesta praia é difícil afundar. De acordo com Menô e suas adeptas, é por causa da densidade de nossos corpos em relação à densidade da água, assim como cocô, que não afunda. Eu até agora não sei se isto é um benefício ou não...
Menô foi mergulhar e me deixou sozinho naquele paraíso. Resolvi andar pelas redondezas e de repente encontrei uma placa dizendo:
“Esta espuma é um fenômeno natural e não contém nenhum produto químico ou radioativo de origem industrial.
Análises feitas pelo Instituto Estadual do Ambiente (NEA e pela Eletronuclear) comprovam que a espuma é formada basicamente por grande quantidade de matéria orgânica, não apresentando risco ao meio ambiente e à população.
Este fenômeno já aconteceu em outras ocasiões, mas neste ano está ocorrendo com maior intensidade devido às condições oceanográficas e meteorológicas (Eletrobrás – Eletronuclear)".
Po, condições climáticas, ciclones em terras antes calmas, tsunamis, buracos na camada de ozônio, raios UVA, UVB, UVC (e todo o alfabeto de coisas ruins) acontecem na natureza, mas foram causadas pela destruição humana. Como é que aquela espuminha pode ser natural se naquela praia nem as pedras são naturais?
Ainda bem que eu fiquei longe daquilo, onde a temperatura chega a 60 graus centígrados. Eu só consegui ficar na beirinha, onde a temperatura da água é de 30 graus. Foi um verdadeiro banho de assento pra minha próstata.
Naquele lugar eu vi um pescador saindo com muita raiva porque não fisgou nenhum peixe. Até achei bom ele ter ido embora, pois estava com molinete ao lado de muitas crianças. Ele podia pescar o beiço de uma delas na içada do anzol. Eu quase dei porrada nele.
Naquele mar, uma enseada maravilhosa, com salinidade maior do que o normal, com concentração anormal de elementos, com seixos no fundo que pareciam pedra de brita, só vi tartarugas. Elas são migratórias. Elas não procriam ali, apenas estão de passagem. Quando sentem que o calor é desconfortável, saem para metros adiante, em mar aberto, onde a temperatura é menos quente.
Algumas horas depois Menô surgiu das águas com uma prenda de uma Iemanjá dos tempos modernos, uma pedra de uns trinta quilos, como se brincasse com uma bolinha de ping-pong. Ela quis afundar e se agarrou num pedregulho do fundo, mas este veio com ela. Ela perguntou se podíamos levar aquele treco de souvenir, já que no fundo não havia crustáceos, peixes ou plantas. Sugeri ela lavar o tanque de roupas que nos esperava lá em casa.
Eu estive num reduto que um dia foi natural, mas, infelizmente foi escolhido para ficar perto de uma usina nuclear e para servi-la. Por isto virou a Praia do Laboratório, em Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro.
Lendo por aí, vi que uma Usina Nuclear é melhor do que gastarmos nossas fontes de água pra produzirmos energia elétrica etc e tal. Também é através de usinas nucleares que a medicina salva vidas. Acontece que reatores que chegam a 1500 graus centígrados e precisam ser resfriados. A Eletronuclear, como acontece em todos os outros países, chupa a água do mar pra se refrescar e devolve um ofurô aos habitantes da área, tentando ofender ao mínimo o meio ambiente.
Já que depois de mergulhar naquelas águas eu virei quase um nórdico, tentei justificar pra Menô que a minha impotência pode ter acontecido por causa da irradiação dos infernos, mas ela foi logo dizendo:
“Paumolescência é fator orgânico ou psicológico. Vá se tratar ou coloque uma prótese - de preferência bem radioatiova!”.
Companheiros, o que acham? Ajudem-me!
Texto por Leila Marinho Lage
Setembro de 2014
http://www.clubedadonameno.com
http://www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/nuclear/nuclear.htm
http://www.infoescola.com/fisica/principios-da-usina-nuclear/