TRÊS DÉCADAS DE POLUIÇÃO E CONTAMINAÇÃO NA AMAZÔNIA

Trinta anos fazem muita diferença quando se trata de degradação do meio ambiente. Na década de 40 acompanhamos, com o surgimento da 2a Grande Guerra, a uma transformação tecnológica nunca vista em todo o mundo. Correndo atrás do desenvolvimento de novas armas, as indústrias foram transformadas em fábricas de material bélico e cientistas do mundo inteiro convocados para fazer face à corrida armamentista e o mundo se transformou.

O avanço tecnológico transcendeu ao tempo na corrida contra o relógio e a realidade de hoje, se contada nessa época, seria certamente motivo de risos e de piadas. Ninguém acreditaria!

Sem forçar a natureza, essas transformações, fora os apelos das guerras - ainda que mais lentas - tem nos deixado atônitos, com os terríveis resultados que temos presenciado, nos tsunames devastadores e tantos outros desequilíbrios que vem ocorrendo na terra, em razão de nossa própria imprudência. E o mais perigoso é exatamente a forma silenciosa do “envenenamento” contínuo da flora, fauna, do ar e de nossos reservatórios naturais de água.

Muito próximo de nós, aqui mesmo na Amazônia, debaixo de nosso nariz, existe hoje uma situação de agressão ao meio ambiente que em nada fica devendo à esses acontecimentos internacionais em importância e representatividade.

Ao ler o livro 1973 – GARIMPO DO TAPAJÓS – Terra sem lei... sentirás a necessidade de conhecer mais a fundo essa história que fala da perigosa agressão ao meio ambiente, através do uso indiscriminado do mercúrio na exploração do ouro aluvionar.

O ouro em pó é resultante de derrame milenar e se encontra espalhado por toda a região do Tapajós em uma extensão de 188.000 km2, e cuja área geológica chega até ao Apuí aqui no Amazonas, onde recentemente também encontraram ouro.

Desde 1970 o ouro é explorado na região e durante todo esse tempo é utilizado o mercúrio para amalgamá-lo e permitir sua exploração. Se alterassemos o título do livro de “ 1973 – GARIMPO DO TAPAJÓS para “ 2007 GARIMPO DO TAPAJÓS” nada mudaria, já que a agressão ao meio ambiente é a mesma nos dias de hoje e em se tratando de 30 anos de contaminação, é fácil imaginar o resultado devastador desse acúmulo. Nessa região, debaixo da copa das árvores – sem que os satélites identifiquem – a terra é removida, revolvida, os cursos dos igarapés desviados e o meio ambiente – ar, flora, fauna, contaminados. Não sou contra a exploração das riquezas minerais em nosso Estado nem de nosso País. O que condeno é a forma indiscriminada, descontrolada, dessa exploração. Se a exploração mineral fosse feita por empresas mineradoras com o devido controle ambiental - utilizando técnicas de uso racional do mercúrio - tudo bem. Seria inclusive uma forma de evitar o contrabando, controlando a destinação do minério.

Estudos recentes e exames laboratoriais atestam inúmeros casos de contaminação por mercúrio em exames de raízes capilares nos cabelos de pessoas residentes em Manaus. O mercúrio nos rios e igarapés são absorvidos pelos peixes que acabam contaminando a população.

Somos realmente incapazes de gerir com sucesso nosso destino!

E falando de poluição, falemos um pouco de "poluição intelectual". Estendendo um pouco mais o assunto, condeno também o que chamo de “desperdício de divisas de povo sub-desenvolvido e gestão incompetente do governo federal” o que é extremamente comprometedor. Aqui! – nossos governantes defendem a desvalorização do real para manter superávit na balança de pagamentos e manter a competitividade e a paridade de preços no mercado internacional, exportando alumínio, ferro, e etc. sem beneficiamento, exaurindo nossas reservas naturais, sem agregar mão de obra ou qualquer processo de manufatura. É um absurdo! Esse tipo de exportação deveria ser terminantemente proibido.

Urias Sérgio de Freitas.

Urias Sérgio
Enviado por Urias Sérgio em 21/05/2007
Reeditado em 09/08/2008
Código do texto: T496003