O TOMA LÁ DÁ CÁ DO CAIPIRA.

Você está pensando que é fácil um caipira ter de comprar limão, alface, banana? Ah, não é não! Morando aqui na cidade grande o custo de vida realmente sobe bastante.

“Em minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá” e lá quase tudo é de graça. Claro que se corre risco de o vizinho flagrar você furtando limão, almeirão..., mas, quase sempre, não dá em nada, já que noutro dia você dá de cara com ele em seu quintal e, mesmo assim, o roubo de bananas é certeiro. Diria que é um troca-troca gostoso. Num termo mais político é um verdadeiro toma lá dá cá.

Não sei se céu de lá tem mais estrelas ou se no daqui há mais poluição. A água do rio Barra Mansa, nove quilômetros da cidadezinha com pouco mais de 4 mil habitantes chamada Mendonça, é limpinha e dá inveja no sistema Cantareira. Por que não volto? Quero não, moço. Há coisas que são boas só no momento em que são vividas e ficam extremante perfeitas quando narradas numa crônica.

Aqui o feirante tenta me ludibriar dizendo que a melancia está ótima, mas mal sabe ele que o talinho estando seco significa que está passada. Compro mesmo só quando está verdinho. Bananas da casca bonita não me enganam: a beleza por fora muitas vezes é só maquiagem. Lá a foto é sem make e sem filtro, mas a coisa é uma delícia. Dá água na boca. Se um dia regressar, certamente quero escrever coisas excelentes da capital paulista que agora não me parecem tão boas, mas numa bela crônica a gente muda o cenário e certamente um caipira irá adorar vir morar aqui.

Nesta nova terra em que vivo tem Palmeiras, Corinthians e São Paulo, mas não tem artilheiros iguais ao Zé da Bota e também quase não ouço o sabiá cantar, contudo, mesmo assim, sou feliz aqui e não quero tão cedo voltar, senão para passear.