Segundo Olhar

Nos primeiros dias, paisagens sem referências correm diante dos olhos, ora sonolentos, ora ansiosos. Nova etapa profissional em Mimoso do Sul, onde só estive a passeio.

Ansiedades, dúvidas e medos ficam para traz e começo a perceber o bucolismo da casinha abandonada, que certamente já foi porto seguro de famílias que ali criaram seus filhos.

Melhoraram de vida ou foram gastar suas últimas forças em outras propriedades? Não sei, mas visualizo momentos felizes naquelas paredes que parecem de barro batido.

Da simplicidade ao conforto, do antigo ao contemporâneo, vislumbro uma bela e nova casa à frente da que certamente foi a principal da família por muitos anos. Telhas da velha casa sendo substituídas. Cada uma ao seu tempo, belíssimas.

As curvas e vegetação escondem sempre uma nova surpresa, um ponto ainda não percebido, histórias que talvez nunca sejam contadas. O cafezal salpicado de branco traz à memória os queridos que já partiram.

Bate uma saudade inexplicável de pessoas e lugares que visitei, prometi voltar, mas não voltei. Sinto o cheiro da terra molhada, mesmo sem chuva. A memória olfativa é tão real que chego a coçar o nariz alérgico diante do cheiro imaginário das flores do jardim que apreciei, com suas flores multicoloridas.

Entendo a importância da segunda chance, do segundo olhar. Mais aguçado, para perceber as boas e pequenas coisas da vida.