Mendonça
Mendonça era o meu pé de arruda, mas ele detestava quando eu entoava o seu nome para as amigas. Ficava calado e inerte... só observando e captando as energias que circulavam.
E numa dessas visitinhas indesejáveis, que nem a vassoura atrás da porta da rua desse jeito, surgiu ela, a louca da Cláudia. (gente louca é um inferno!).
Conversa ia... conversa também vinha...
- Como assim, dizia a Cláudia, o seu pé de arruda tem nome?
- Sim, claro que tem nome, oras. Ou você queria que eu o chamasse de (Ruta graveolens). Ele é sujeito homem, né? Você não se chama Cláudia? Você não é vivente? Não sente dor, frio, calor e todas as outras denominações que a pele e o corpo humano suportam? Assim é o Mendonça. O meu pé de arruda. Aliás, o Mendonça tem um cheirinho delicioso, você sente isso?
- Você cheira o seu pé de arruda?
- É lógico, Cláudia! Preferia que eu cheirasse o seu pé? Caraca!
Mas como eu ia dizendo... o Mendonça me faz feliz, sabe?
Como assim?... um pé de arruda te fazer feliz..
Sim, ele me protege de 'mau olhado', me protege de 'gente invejosa', me protege de 'ódios e rancores' e ainda, acredite se quiser, ele transmuta a energia negativa. E que ela vá para bem longe.
Nossa! Quer dizer que o “seu Mendonça” faz isso tudo, é?
Mas, você deixa ele no seu quarto? Ao lado de sua cama?
Já estou perdendo a pouca paciência que tenho com você, hein Cláudia! Mas é lógico que ele dorme comigo. Isso é a concretização imanente do nosso prazer. É uma troca necessária, nós nos cuidamos.
Poxa, ele é tudo isso ??!!
Pode me dar uma mudinha...?
Cláudia, senta lááááááá!!!!