TESTAMENTO CULTURAL

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Como já me declarei bígamo, antes que alguma namorada ou amante entre na Justiça com base no artigo 1.723 do Código Civil, reivindicando algum bem que não tenho e venha a ser condenado por bigamia cultural, declaro meus bens que adquiri da minha namorada crônica e de minha amante poesia, com quem mantenho um relacionamento há 34 anos. Declaro-me ainda lúcido, como determina a Lei: nenhum! Mesmo, os distribuirei!

Distribuirei meus poucos bens materiais com minha família. Os muitos bens intelectuais, prêmios, troféus, comendas e diplomas, os deixarei de livre e espontânea vontade, sem pressão, sem coação de ninguém, nem mesmo de minha esposa Yara Queiroz, os meus leitores. Com minha esposa Yara Queiroz, deixarei essa crônica para retirar tudo o que repeti. Ela, ao reler antes de mim me chama a atenção: “você repetiu isso”, “você repetiu aquilo” e vai tirando. Depois releio tudo de novo porque quem escreve não revisa e quem revisa não escreve, sempre digo.

Digo-lhe: - é para isso mesmo que você está lendo, mas depois lerei de novo, retire o que quiser que depois vou relê-la antes de postar e, se for o caso, recolocarei porque já fiz minha última leitura e estou cansado! Muitas vezes Yara muda o pensamento no texto. Eu quero dizer uma coisa, ela não entende e escreve outra coisa. “Nessa, mudei pouco”, “nessa mudei muito”, diz-me e conclui satisfeita ou decepcionada: “essa gostei, essa não gostei”, sempre que lhe pergunto sobre o que acabou de ler. Digo para a Yara: “essa crônica, como é muito séria e crítica. Terá poucas leituras” e quase sempre acerto, mas nem sempre. Yara e eu, somos nossos maiores críticos! Muitas vezes, em meio a uma crônica, os leitores destacam uma frase apenas, me presenteiam com slides e me enviam. Outras vezes, nada comentam, mas sei que leem porque tenho contagem de acessos quantitativos no blog e identifico de quais países foram todos os que recebi e por qual meio acessaram, se por computador, telefone ou tablet.

Mas voltemos à crônica: meu testamento cultural que farei. Como nunca procurei a Lei Rouanet, de incentivo a cultura, implantada por Fernando Color, em 23 de dezembro de 1991, nada publiquei com incentivos fiscais. É muito burocrática. O Ministério da Cultura aprova projetos, mas o autor é quem tem que conseguir patrocínios de empresas privadas. Depois os valores doados serão abatidos no Imposto de Renda. Seja ele quem for o autor do projeto. Por isso, continuo vivendo na pobreza intelectual, mas produzindo freneticamente, quase todos os dias.

De novo, não consegui produzir meu testamento cultural. Mas também, quem manda o Governo criar tantas leis inúteis se tudo poderia ser feito só pela consciência de uma sociedade coletiva, ética, moral, respeitosa e com a valorização do conhecimento educacional, intelectual ou cultural! Infelizmente todos têm que viver dentro de um Estado que aprisiona intelectual e moralmente os verdadeiros produtos de cultura, por culpa de pessoas que desviam recursos públicos e vendem dados falsificados para tudo, até atestados de óbitos, identidade, CPFs!

Talvez devido a isso, qualquer empresa de telemarketing para as quais sou obrigado a entrar em contato, vou logo dizendo: “Não sou político, você têm todos meus dados ai e vou dar apenas o número de meu CPF e não tenho vários números de CPFs”. A pessoa do outro lado da linha me responde: “só o CPF nada prova! Se você não confirmar seus dados que estou vendo na tela, vou ter que encerrar essa ligação”. Será que tem outra pessoa com o mesmo número de meu CPF? É possível! Por que será que além de políticos que possuem mais de 2,3, e até quatro números de CPFs? Será que nem o CPF pode ser mais confiável? Outras vezes, mais irritado ainda digo à operadora, que não tem culpa de nada porque é o “procedimento”: “vou apenas lhe dar o nome de minha mãe e você confere o resto”. De novo, ouço um sonoro: “NÃO! O senhor tem que me dizer tudo o que estou lendo aqui na tela, senão terei que encerrar essa ligação!” Termino aceitando a ditadura dos telemarketing e forneço todos meus dados! A pessoa do outro lado da linha, me diz: “agora sim, podemos continuar seu atendimento” e confirma de novo todos meus dados que ela está lendo na tela, inclusive repetindo o nome de minha mãe, o CPF, o endereço etc. Será que tudo isso não poderia ser simplificado ou criado outro documento mais confiável? Uma pessoa pode ter vários pais, mas mãe será uma só, sempre! CPF era para ser assim também, mas não é! Infelizmente!

Novamente findei não escrevendo o que pretendia: deixar por escrito meu testamento cultural. Vamos a ele, finalmente. Ufa! Até que enfim:

1. Aos leitores e amigos do Brasil e de países pelo mundo, deixo meus trabalho científicos, sociais, literários e filosóficos; não os republicarei mais porque não tenho dinheiro!

2. Ao meu filho e herdeiro, além do registro de algumas obras, deixo o exemplo de vida voltado ao estudo, trabalho, determinação, coragem e superação, além dos poucos bens que consegui adquirir nesses 54 anos de vida, até agora.

3. A minha namorada crônica de tantos anos e quase diária, deixo os livros que escrevi e os publique até hoje, mesmo sem patrocínio de ninguém;

4. A minha amante, a poesia, que a visito esporadicamente e só quando estou enjoado ou com raiva de minha namorada crônica, deixo de presente meu primeiro livro (DES)Construção, publicado em 1982;

5. A minha esposa e companheira que está lendo essa crônica, Yara Queiroz, deixarei saudades, sentimentos e tristeza quando eu me for. Mas ficarei bem porque estarei ao lado de Deus, vivendo uma vida eterna.

6. Ao Brasil, deixo a fé inabalável em um futuro melhor; ao Amazonas, minha saudade e aos jovens, a esperança de que mudem o país de forma pacífica, pelo voto, sem violência e sem envolvimento de Elisa Quadros Pinto Sanzi, a “Sininho”, que tanto mal causou à democracia do país, recrutando e pagando a mais jovens idealistas, mas irresponsáveis iguais a ela para promoverem badernas no país!

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 11/09/2014
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