Ser Ou Não Ser O Ser

Clamo aos ventos a certeza de ser as falas de mundos desconhecidos, rogo à celebração, ao encontro, ao eterno devaneio de me sentir inalterado. Cultivo minhas próprias verdades, me consumo na ausência de uma intuição que me leve ao caos.

Na certeza de uma batalha onde os dejetos se expelem de dentro de carcaças rumo a muralhas da sobriedade, a luta se diz firmada pelas almas que se garantiram, pelas certezas que vingaram, pela fantástica ilha descoberta em devaneios pessoais: o caso eterno de nós em nossos momentos singulares; nossos sonhos que ao acordar se dissipam na realidade; a saudade de nós em tempos remotos através de momentos de total negação; o aqui, o agora e o estarei lá é realmente cruel quando se está preso em propostas de uma outra vida.

O que se quer é planejar, é sonhar e realizar, mesmo que de uma forma “lisérgica”, a realidade que se estampa através da fantasia. Criamos mundos, realçamos as tintas de um sonho em vida, uma tela onde a estática é puro dinamismo, o autor que através de palavras fala à corações de forma definitiva a real pretensão de um ingresso ao mundo dos que querem, destes que quiseram e daqueles que em breve vão querer velejar nestes mares tão promissores.

Ao mar nos lançamos como redes em busca de alimento, buscando no fundo de nossas vontades, a imensidão de nossas soluções. Aos céus fornecemos o néctar que alimenta a alma e que através de uma brisa calma refresca as “saladas coletivas”, o perfume que deixa o rastro de um desejo ao qual não se pode conter em pensamentos puros, o esvoaçar das sensações mais repletas de delírios pertinentes.

Ó grande desejo, ó majestade dos grandes astrais, o que é uma sensação realmente prazerosa? O que nos faz gritar e todos aplaudirem? O que trazemos em nossas carcaças para sermos ouvidos e não criarmos expectativas ousadas?

Se percorrêssemos o universo inteiro, as respostas seriam as mesmas. Preenchemos as lacunas de nossa vida de forma gradativa e a realidade nos consome como a presas por seus predadores. Queria estar aí, talvez ali, acho que em todos os lugares onde poderia vivenciar um pouco de cada reflexo, de cada momento, de cada sensação confortante.

Quão difícil é viver neste fantástico balaio de pretensões magníficas. Aplausos à vida e à celebração.

Em momentos remotos os garotos se corrompiam em prol de um amor, de uma experiência, de uma musa a ser compreendida, em outros tempos, a jornada rumo ao esquecimento do que poderia, e que se privilegie a vida em sonho.

Quanta criatividade temos quando nos tornamos escravos de situações gratificantes: o calor de uma conversa, o sabor de uma promessa, e claro, a perfeita harmonia de gostos que se encontram em ares românticos e coloridos pela quantidade de rascunhos aos quais se deve basear.

Sabemos, criamos, celebramos os nossos dias. O passado, um livro, o quadro que de tão magnífico, preencheu a melhor sala e mesmo sendo parte de uma decoração diária, já não faz parte do presente, pois as linhas escritas já saíram de nossas mentes, e se imortalizaram na consulta.

Queríamos poder contar todos os nossos segredos sem esconder aquela parcela comprometedora de nossa reputação? Quem seria o adorno perfeito? A musa sempre bela? O amante sempre viril? A amada sempre amada? A colheita onde os frutos nunca cessariam?

Cada qual no seu feito, na sua lição de vida, no lisérgico pensamento de que o tempo é o lugar onde nos aponhamos para a projeção total. Na música, o momento. Na história, o tormento. No sentimento, a loucura. Que a esquizofrenia atinja aos tantos que a querem, aos poucos que realmente relatam o amor como o dom supremo, e aos sábios gurus da eficiência, o conforto gratificante de ser, estar e fazer com que o sonho nunca se dissipe.

Que loucura é ser o ser e jogar com os seres numa proposta onde não ser é o que está aí para sermos e nos encantarmos com propostas realmente indesejáveis. Se amamos nos damos ao amor, se odiamos, a luta é bem pior. Temos ao tudo e ao nada diferenciando os opostos nos enganando pela insegurança.

As trilhas do que sou, do onde vou, e do saberei algum dia o que sou, ninguém encontrará. Saberemos ao menos o que desejo ser, com qual máscara irei e como voltarei desta festa fantástica onde a mágica nada mais é do que a própria realidade: sedutora e bondosa.

Nos ama, nos odeia, nos venera, nos mutila. Que bom é sonhar e acordar com a fantástica batalha pelo amanhã farei o melhor de mim, farei acontecer o desejo, encontrarei as chaves da cidade mágica onde as luzes são eternas e a criatividade nunca acaba.

Seremos reis, encontraremos nossas rainhas e viveremos a magia da soberania. Nos entendemos, o que havia para se buscar já foi encontrado, o amor ao qual se sonhou se consumou e a luz irradiante de nossos poderes supremos, quem diria, nos transformou em magos de um universo onde quem realmente manda nem mesmo sabemos.

Flyinghard
Enviado por Flyinghard em 11/09/2014
Código do texto: T4957663
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