Pena de Armando
Agiu com total falta de caráter desde que a conheceu.
Mostrou-se um homem apaixonado e dedicado, mesmo tendo amantes pelos quatro cantos da cidade.
Era bonito, expressivo e, subitamente, roubou o coração de Helena.
Em pouco tempo casaram-se, mesmo contra a vontade da família.
Casaram-se justamente no ano do falecimento do pai de Helena, negando qualquer possibilidade de postergação da data.
Viveram 32 anos num turbilhão, embora Helena sempre o protegesse por medo. Era um sociopata enrustido, maledicente e egoísta. Não provia a família e, aos poucos, foi afastando-a da mãe e das duas irmãs.
Dos olhos de Helena brotava sofrimento, embora negado sempre.
Da união nasceram 2 filhos gêmeos. Infelizmente conheceram as peripécias do pai, especialmente em se tratando de trabalho, onde ele acelerava a sua ganância e se envolvia em negócios ilícitos.
Helena, aos 52 anos foi diagnosticada com câncer em estágio avançado. Veio a óbito justos 4 meses depois.
Nesses 4 meses ele, em profusão mental, tentou de todas as formas justificar os 32 anos de sofrimento. Fez absolutamente tudo para a sua sobrevivência, mas ela não o enxergava mais, não tinha mais tempo para isso e, na minha opinião, não mais queria viver.
Hoje ele vive perturbado, tentando recompor os pedaços que extraiu de Helena com atitudes louváveis para com as netas, não fosse o seu caráter conhecido por todos os que o rodeiam.
Na verdade, apesar de tudo, hoje tenho pena de Armando.