O QUE TU ESPERAS E OS TEUS OLHOS VEEM?

Mas nem negros nem azuis
são teus olhos meu amor...
Seriam da cor da mágoa,
se a mágoa tivesse cor. 
 (Florbela Espanca –Mostra teus olhos)
 
...Era  uma noite longa, indormida, para uma vida  curta
- Por que estás insone, o que esperas?
-O meu  amor.
-E tens um?
-Não. Morreu
-Então ,por que esperas? Sofres com isso?
-Sofro 
-Lamento, mas não posso  ajudar, já que o teu amor morreu. Morreu está morto, morto e enterrado.
-Qual é a cor dos teus olhos e o que eles veem?
- Mel. Uma luz é o que eles veem.
-Seria do farol de Alexandria?
-Não, a mim parece da “lanterna dos afogados”
-Por quê?
-Porque é lá que se espera. E eu espero
- Mas tu não és Pedro pedreiro da canção do Chico, que tudo esperava
- Mas também sou penseira e espero, espero, espero... Só não espero, o trem, mas espero o sol ou uma coisa mais linda que o mundo, maior que o mar, que nem o Pedro...
-Plagiando o Chico?  
-Ah, só mais esta vezinha para eu  dizer que nem ele:” que  estou esperando o dia de esperar ninguém, esperando enfim nada mais além...”
-Engraçadinha. Tomara que o Chico te processe. Boa noite.
 

.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 09/09/2014
Código do texto: T4955549
Classificação de conteúdo: seguro