Passando, passando...
Céu negro, pontos brilhantes, será que também olham pra mim? Eu vos olho, diariamente. Perdoem-me a intromissão, mas não entendo porquê sempre mudam de lugar. Acaso ficam sem jeito de receber tantos olhares? Me olhem também, eu não ligo! Sentem-se solitários, ou conversam entre si? Oh, pontos brilhantes, a casa de vocês é tão grande! O que fazem durante o dia? Acaso têm medo do sol? Como é ter ele tão perto? Ele queima? Arde? Ele é mal?
Queria ir a lua, mas tenho medo do sol, acham que eu devo temer? Respondam-me!
Oh, pontos brilhantes, eis que os ponteiros dos relógios passaram rápido demais, já sei quem na verdade são, sei que muitos de vocês não tem brilho próprio e não passam de grandes rochas espalhadas pelo universo! E se não fosse pela gravidade vocês poderiam até cair na Terra. Por que me deixaram enganar por tanto tempo? Ah, quão boa era a inocência. Repito, os ponteiros dos relógios passaram rápido demais. Lembro-me, como se fosse ontem, de quando o céu era logo ali, as estrelas olhavam para mim e fadas se escondiam no jardim. A inocência brilhante se foi com o tempo, mas os pontos no céu a brilhar permanecem os mesmos. Por que não admira-los durante as noites? Por que não separar um tempo para as estrelas? Você que me lê, corra! Não perca a essência da vida, pois, enquanto você fica pensando, o tempo continua passando, passando...